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Mulheres na tecnologia: fundadoras de healthtechs estão democratizando o acesso à saúde no Brasil


 
 

Não é nada fácil ser mulher no ecossistema de inovação brasileiro. A opinião, unânime, é das 15 mulheres que fazem parte da primeira parte do especial Mulheres na Tecnologia, que o ForbesTech promove ao longo das próximas semanas.


E elas sabem do que estão falando. Segundo o “Female Founders Report 2021”, estudo elaborado pela empresa de inovação Distrito em parceria com a Endeavor e a B2Mamy, divulgado hoje (8), no Dia Internacional da Mulher, as empresas de base tecnológica fundadas apenas por mulheres representavam 4,4% do mercado total há uma década. Hoje, esse índice é de 4,7%, o que revela que as dificuldades enfrentadas pelas empreendedoras não diminuíram, provocando uma estagnação na diversidade de gênero no setor.


“Empreender no Brasil é desafiador. Como mulher, sinto falta de referências de founders que, ao mesmo tempo, ocupem a posição de CEO. Estar no topo de qualquer organização exige uma série de competências e habilidades técnicas e emocionais. Em uma empresa de tecnologia, a complexidade do negócio cresce de forma exponencial e, em geral, a capacidade de absorver conhecimento cresce linearmente. Logo, ter referências, oportunidades de trocas de experiências, mentorias, conversas abertas sobre como lidar com momentos difíceis é crucial”, diz Tatiane Pimenta, fundadora da Vittude. “Uma orientação correta pode nos poupar de erros, frustrações e, principalmente, perda de tempo.”


A constatação de Tatiana aparece refletida na pesquisa da Distrito. A falta de conexões – com mentores e investidores, por exemplo – é apontada como o terceiro principal desafio enfrentado pelas empreendedoras brasileiras, com 44,6%, atrás apenas de ganhar escala (60,9%) e validar o modelo de negócio (56,4%).


A dificuldade de obter investimentos também é o desafio de 38,8% das fundadoras de startups, segundo o levantamento. A Precavida, fundada por Laís Fonseca Alves, surgiu no ecossistema dos Estados Unidos, um ambiente mais maduro, com acesso maior a networking, talentos e capital. “Nosso primeiro funding veio de investidores norte-americanos. Mas reconheço que ser mulher triplica os obstáculos de acesso ao dinheiro. Especialmente no Brasil, essa barreira é mais significativa por questões culturais e por ainda termos poucas referências neste meio, que é muito fechado”, diz a empreendedora.


HEALTHTECHS


O estudo que mapeou as fundadoras de startups também analisou as categorias onde elas mais empreendem. Os destaques ficaram por conta dos setores de saúde e biotecnologia (15,2%), educação (12,7%), serviços financeiros (8,2%) e varejo (8,1%). Segundo o documento, o fato pode ser explicado pela “elevada presença de mulheres em cursos afins, como Psicologia e Enfermagem”.


Um levantamento da Distrito do ano passado constatou que o Brasil tem, atualmente, 542 healthtechs – contra 386 em 2019 e 248 em 2018 – divididas em nove categorias: acesso à informação; inteligência artificial e big data; farmacêutica e diagnóstico; gestão e PEP (prontuário eletrônico do paciente); medical devices; relacionamento com pacientes; marketplace; telemedicina; e wearables e internet das coisas.


A maior parte dessas empresas tem de dois a três sócios, com média de idade de 40 anos. No entanto, apenas 20,3% dos integrantes dos quadros societários das startups de saúde são mulheres. A categoria que mais conta com a presença feminina é a de acesso à informação, enquanto gestão e PEP e marketplace representam a maior disparidade de gênero.


Para Ana Carolina Peuker, criadora da Bee Touch, ainda há muito a fazer para fortalecer o protagonismo feminino no ecossistema de inovação como um todo. “Precisamos reconhecer, cada vez mais, lideranças femininas nos mais diversos setores, oferecendo inspiração para que mais mulheres fortaleçam sua confiança e possam prosperar.”


Lívia Cunha, fundadora da CUCOHealth, acredita que ser uma fundadora no ecossistema brasileiro de startups é ter a responsabilidade de mostrar a todas as mulheres que, quando elas encontram a dor que querem resolver, são as melhores pessoas para colocar isso em prática. “É ter a responsabilidade de quebrar barreiras e padrões e mostrar que o espaço que queremos ocupar pode ser construído por nós mesmas”, conclui.


Fonte: Forbes Brasil

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