O glaucoma é o problema de visão que mais causa cegueira irreversível em todo o mundo. Só no Brasil, estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas tenham a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG). Por isso, a campanha Maio Verde é tão importante — seu objetivo é conscientizar a população sobre as formas de diagnosticar e tratar a condição.
O que é o glaucoma?
A Dra. Tatiana Leão Vanini, médica oftalmologista do CBV Hospital de Olhos, explica que o glaucoma é uma doença onde há perda de neurônios que compõem o nervo óptico. O nervo, por sua vez, é uma nobre estrutura que faz a conexão de nossos olhos com o cérebro.
“Geralmente essa perda ocorre por aumento da pressão intraocular, e leva a perda visual irreversível, comprometendo a princípio a visão periférica do paciente. Em fases avançadas da doença é como se o paciente estivesse enxergando através de um túnel ou tubo, caracterizando o que chamamos de visão tubular”, detalha a especialista.
Segundo a médica, o glaucoma desenvolve-se de forma lenta e progressiva, ao longo dos meses ou anos. Mas existem subtipos de glaucoma que são mais rápidos e agressivos, como glaucoma agudo de ângulo fechado, onde a pressão pode subir a valores muito altos de maneira brusca, lesando o nervo em questão de dias.
Além disso, há também glaucomas secundários a traumas oculares e a doenças vasculares, como Diabetes Mellitus, que costumam evoluir para uma forma mais agressiva.
Fatores de risco
Entre os principais fatores de risco para desenvolvimento do glaucoma, a oftalmologista aponta:
Hereditariedade;
Avanço da idade e envelhecimento ocular;
Patologias sistêmicas não devidamente controladas, como diabetes e hipertensão arterial;
Trauma ocular contuso;
Alta miopia;
Catarata, entre outros.
Sintomas e sinais de agravamento
Na maioria das vezes, o glaucoma não apresenta sintomas, visto que a perda lenta e progressiva da visão periférica pode ser imperceptível. “Em alguns casos mais agudos, com aumento súbito e elevado da pressão intraocular pode haver dor ocular, às vezes até acompanhada de náuseas, com vermelhidão dos olhos e visão de halos ao redor das luzes. Esses últimos sinais descritos costumam ser indicativos de gravidade, bem como percepção de visão em túnel ou sombra escura encobrindo parte da visão”, adverte Tatiana.
Diagnóstico e tratamento do glaucoma
O diagnóstico inicia-se numa consulta oftalmológica de rotina, através da aferição da pressão intraocular (tonometria) e da avaliação do nervo óptico pelo fundo de olho, explica a médica.
“Uma vez sendo levantada a suspeita de glaucoma através desses dois exames iniciais, prosseguimos com exames complementares, como uma avaliação mais detalhada do nervo óptico através do OCT (tomografia de coerência óptica do nervo óptico). Com ela podemos verificar se realmente há perda neuronal nessa estrutura e quantificá-la. Avaliamos também a visão periférica do paciente através da campimetria computadorizada”, detalha.
Já o tratamento, na grande maioria dos casos, consiste em instilação de colírios para controlar a pressão intraocular. Mas, em alguns casos, pode ser necessário recorrer a tratamento com laser ou cirurgias, que ultimamente tem evoluído bastante a ponto de termos procedimentos microinvasivos.
É possível prevenir o glaucoma?
Quando o glaucoma é secundário a fatores como hereditariedade ou envelhecimento ocular, não é possível prevenir o surgimento da doença, aponta Tatiana. No entanto, podemos frear a sua progressão e impedir o dano visual, quanto mais precoce for a detecção do mesmo numa consulta de rotina.
“Se há alguma comorbidade presente como o diabetes ou hipertensão, por exemplo, o controle rigoroso dessas doenças podem prevenir complicações oculares secundárias a ela, que podem culminar num glaucoma. A prevenção de traumas oculares também ajuda, bem como não postergar muito cirurgia de catarata quando ela já está indicada, visto que uma catarata madura pode também provocar um glaucoma secundário”, destaca a especialista.
Por fim, Tatiana ressalta que a lesão do nervo óptico provocada pelo glaucoma é irreversível, pois não é possível a recuperação de neurônios perdidos ou danificados. Por isso é extremamente importante o diagnóstico precoce para evitar danos e até mesmo a cegueira.
“Para isso é importante fazer consultas regulares ao oftalmologista, mesmo estando sem queixas ou sintomas, principalmente pessoas acima de 40 anos e com histórico familiar de glaucoma”, adverte.
Fonte: Saúde em Dia
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