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Médicos relatam sofrer pressão dos planos de saúde para prejudicar pacientes



Pelo menos metade dos médicos ouvidos pela Associação Médica Brasileira (AMB) afirmou já ter sofrido pressão dos planos de saúde para prejudicar os pacientes. Os dados divulgados nesta quinta-feira (31/3) mostram que 53% dos médicos entrevistados sofreram tentativas ou interferências para alterar os tratamentos que prescreveram aos pacientes. A situação ocorre, às vezes, para 40,9% deles, e com frequência, para 12,2%.

Além disso, foi relatado por 51,8% dos médicos dificuldades para internar pacientes, sendo que 6,7% disseram que a situação acontece com frequência. Mais da metade dos médicos também afirmou sofrer ou já ter sofrido pressão para antecipar a alta de pacientes. Desse total, 13,6% disseram que a situação é frequente.


Outro ponto importante divulgado pelo estudo é a relação dos reajustes de mensalidade e o abandono de tratamentos. Um total de 88,3% dos médicos relatam que pacientes já largaram tratamentos por conta de reajustes dos planos.


O levantamento foi realizado pela AMB em conjunto com a Associação Paulista de Medicina (APM) com 3.043 profissionais pela plataforma Survey Monkey , entre o dia 25 de fevereiro e o dia 9 de março deste ano. Dos profissionais ouvidos, 59,2% eram homens e 40,8% mulheres. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.


Lei dos Planos de Saúde


A pesquisa aborda também a percepção dos entrevistados em relação aos projetos que tramitam no Congresso para alterar a Lei dos Planos de Saúde, que está em vigor desde 1998. Quando questionados sobre os projetos que apontam para atendimentos segmentados, com coberturas de alguns tratamentos e de outros não, 77,1% atribuem notas negativas. Já 79,9% preveem reflexos negativos em relação às propostas de segmentar planos por tipos de procedimentos e outras diferenciações que terão reflexos para a saúde dos pacientes.


Autonomia


Em nota publicada sobre o assunto, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) declarou que defende a autonomia dos médicos no diagnóstico e no tratamento de enfermidades, o que é um princípio basilar da medicina. “Essa autonomia, no entanto, não afasta a importância do desenvolvimento e aprimoramento das práticas médicas e dos protocolos clínicos, que servem como referência tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes. Quando construídos com critérios técnicos e embasamento científico, os protocolos asseguram a qualidade e a uniformidade do cuidado assistencial, melhorando desfechos clínicos e ampliando a eficiência do sistema como um todo”, esclareceu.


A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) defendeu, também em nota, que as pontuações da pesquisa da ABM “não condizem com as condutas seguidas por suas associadas, que hoje atendem a cerca de 30% dos beneficiários de planos médico-hospitalares do mercado”.


“As associadas à FenaSaúde têm como conduta cumprir rigorosamente todas as leis, normas e regulamentações que lhe são impostas pelos órgãos competentes, assim como respeitar o ato médico, as diretrizes e os procedimentos necessários para a integridade de um sistema que atende com excelência a 49 milhões de usuários”, avaliou.


Fonte: Correio Braziliense

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