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Grávidas com Covid foram barradas no sistema de saúde, diz estudo



Uma pesquisa feita pela The Lancet Americas mostrou que as mulheres grávidas e puérperas com Covid-19 tiveram maior dificuldade de atendimento nos centros de saúde pública. Foram 1,9 mil óbitos, sendo que mais da metade 1,4 mil, ocorreram em 2021.


Cerca de 59% das mulheres não tinham fator anterior de risco ou comorbidades, inclusive, foram a cinco centros de saúde para conseguir atendimento. A pesquisa ouviu 25 pessoas próximas às mulheres.


As pesquisadoras Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília, Luciana Brito e Gabriela Rondon, do Instituto Anis de Bioética, conduziram a pesquisa. Segundo Diniz, foram três motivos que levaram ao alto número de óbitos: atrasos nos primeiros sintomas, tempo média de espera de sete dias e a preferência entre salvar o feto, em detrimento da mãe.


“A primeira foi um atraso quando elas apresentaram um primeiro sintoma”, explica Debora Diniz. “[Os médicos] mandavam elas de volta para casa, não investigavam o sintoma de Covid.


Tomavam a falta de ar, por exemplo, como um sintoma da gravidez”, explicou a pesquisadora à Folha de S.Paulo.


“Depois disso, com uma média de espera de sete dias, elas foram várias vezes ao hospital, algumas a cinco diferentes centros médicos pra conseguirem ser admitidas. Tinha uma barreira para a admissão. Os sistemas de saúde diziam que não atendiam grávidas [por estarem com urgência para pacientes de Covid-19] e as maternidades diziam que não atendiam Covid-19”, especificou.


De acordo com a pesquisadora, quando a paciente finalmente entrava no sistema, o objetivo da equipe era salvar o feto em detrimento da paciente. “Diziam que os tratamentos intensivos interromperiam a gravidez. Não dá para saber se eles salvariam as mulheres, mas eram a melhor medicina para o caso”, salienta.


Das 25 mulheres que deram entrada com Covid-19, 19 fetos foram salvos. Entretanto, segundo os ouvidos pela pesquisa, não houve, por parte dos profissionais de saúde, uma consulta relacionada à priorização das vidas das gestantes ou dos fetos.


“Quatro delas disseram que pediram o contrário, para salvar elas, que poderiam ter outros filhos. Mas quando [as pacientes] entravam na UTI, elas perdiam o contato com a família. Uma das famílias me disse que pediu ao médico que salvassem a mulher, ‘mas não me ouviram’”, conta a pesquisadora.


Fonte: Metrópoles

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