
Um dos maiores jogadores de futebol da história — conquistou sete Bolas de Ouro (prêmio de melhor do mundo) — Messi, provavelmente não conseguiria uma carreira de sucesso se não tivesse se submetido na infância a um tratamento hormonal. Aos 9 anos, o atleta foi diagnosticado com deficiência do hormônio do crescimento.
O hormônio do crescimento, conhecido como GH, é produzido no corpo humano pela hipófise, uma glândula que fica na base do cérebro. A deficiência na produção pode ocorrer por condições genéticas — quando a criança nasce sem conseguir “fabricar” a substância em quantidade suficiente — ou pode ser gerado pelo desenvolvimento de algum tumor na cabeça, que comprometa a funcionalidade da hipófise.
Estima-se que sem o hormônio, o atleta não chegaria a ter 1,50 metros de altura, mas além disso, a falta deste hormônio pode afetar a formação de músculos e a queima de gordura, o que consequentemente pode desenvolver obesidade. Segundo especialistas, sem o tratamento, a massa óssea também ficaria comprometida, aumentando o risco de fraturas.
O sintoma inicial da deficiência deste hormônio é a baixa estatura, já que na infância e adolescência sua principal função é fazer o indivíduo crescer. Para determinar se uma criança tem o tamanho esperado ou não, existem tabelas de curvas de crescimento que determinam a altura ideal de acordo com a idade e o sexo da criança, já que meninos e meninas se desenvolvem de formas diferentes. O pediatra que acompanha a criança é capacitado para analisar se o paciente está ou não com o crescimento comprometido. Se confirmado, a próxima etapa é a realização de exames de sangue.
O tratamento deve ser feito entre a infância e puberdade, momento em que ainda não há o encontro ou fechamento das cartilagens de crescimento. Quanto antes iniciada a reposição do hormônio, maiores são as chances de êxito no tratamento.
Primeiro a criança faz o teste de IGF-1, que funciona como uma triagem pois mede o nível de uma proteína produzida no fígado em resposta ao hormônio de crescimento. Quando a taxa é baixa, a criança é orientada a fazer o exame específico para o GH.
Como o hormônio de crescimento é produzido principalmente à noite, durante o sono profundo, o paciente precisa ficar, em média, duas horas laboratório para conseguir coletar o sangue durante a produção da substância.
Quando os exames não detectam o GH, a criança precisa se submeter a uma ressonância magnética de crânio para se observar se há alguma alteração de estrutura da hipófise. Assim, fecha-se o diagnóstico de deficiência do hormônio do crescimento.
Aplicações diárias
O tratamento com GH é feito através de injeções diárias, aplicadas ao deitar, por via subcutânea nas coxas, braços, nádegas ou abdômen. Segundo relatos, Messi precisou de mais de 2 mil aplicações enquanto se tratou da condição. Hoje ele tem 1,69m.
O hormônio do crescimento é de fácil acesso, apesar de ser caro. A dose é calculada pelo peso. Para uma criança de 30 kg sairia em torno de R$ 1600 a R$ 2000 reais por mês, dependendo da marca, diz Boguszewsk.
No Brasil, no entanto, pessoas com o diagnóstico de deficiência de GH podem buscar fazer o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente.
As aplicações devem ser mantidas até que o paciente atinja seu potencial de crescer. Ele é determinado pela radiografia de mão e punho, que aponta se há ou não cartilagem de crescimento.
Por que o GH é usado por algumas pessoas na musculação?
O hormônio do crescimento é buscado por promover o crescimento muscular e facilitar a recuperação pós-exercício, resultando em ganho de massa muscular, porém, desde abril de 2023, ele é proibido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) de ser usado para fins estéticos.
Segundo especialistas, seu uso sem indicação pode trazer riscos, como problemas cardiovasculares, retenção de líquidos e desequilíbrios hormonais.
Fonte: O Globo
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