
Nos primeiros anos da adolescência, Stheffany Ramos dos Santos percebeu que seus seios não eram como os das outras meninas de sua idade. Muito maiores do que o normal, devido a um quadro de gigantomastia, eles causaram um grande impacto na vida social da então adolescente.
“Eles começaram a crescer muito quando eu tinha 14 anos. Olhava para as minhas amigas e via que eram muito diferentes. Eu tinha vergonha e tentava ao máximo esconder com roupas largas, mas não era fácil”, lembra a jovem de Santa Bárbara, Goiás, hoje com 21 anos.
Com o passar dos anos, os seios da garota foram crescendo muito mais do que o normal — por isso, Stheffany abandonou hobbies e passou a ter uma vida reclusa. “Eu gostava muito de jogar futebol, mas era difícil correr porque balançava, pesava muito e doía as costas. Foi uma fase bem complicada”, conta.
“Eu ficava morrendo de dó dela. Não convivia com as pessoas, tinha vergonha. Ficava só dentro do quarto”, recorda a mãe de Stheffany, Margareth Ramos.
A família da goiana sempre procurou alternativas para resolver o problema. A principal solução era a cirurgia para retirar o tecido extra.
Stheffany lembra que não sentiu medo da operação: ela conversou muito com o médico antes do procedimento e soube de todas as informações antes de fazer a cirurgia que acabou retirando seis quilos de tecido mamário.
“Ganhei uma nova vida, mais fácil, porque agora posso fazer o que não tinha condições antes. Eu cansava muito fácil e agora as coisas mudaram completamente”, afirma.
O que é gigantomastia?
A gigantomastia é um quadro clínico em que a mulher desenvolve mamas muito maiores do que o volume convencional, ultrapassando o tamanho 54 do sutiã.
O médico Carlos Gustavo Neves, cirurgião plástico na unidade Goiânia do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a condição é classificada quando há retirada de pelo menos 1,5 quilo de tecido mamário dos dois seios. No caso de Stheffany, foram removidos seis quilos.
A condição pode ser causada por diferentes motivos, incluindo fatores genéticos, distúrbios glandulares, hipertrofia da mama após a gestação, diabetes e obesidade.
Junto com a gigantomastia, Stheffany desenvolveu feridas que se espalharam pelos dois seios e uma doença na papila mamária da aréola. “A região do bico do peito e aréola estava doente, com uma alteração benigna”, conta Neves.
Reconstrução mamária
A cirurgia de reconstrução das mamas, chamada de mastoplastia redutora para tratamento de gigantomastia, tem uma função que vai além da estética. Ela tem um papel importante para o bem-estar físico e mental das pacientes.
“A gente não opera só a mama. Vemos a harmonia do ser humano com quadril, coxa, braços e com o que a pessoa imagina que quer. A Stheffany queria ter uma mama o mais próximo do normal para se sentir bem e ter a feminilidade de volta”, explica o médico.
Stheffany passou pelo procedimento em 7 de março deste ano, no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia, gerido pelo Albert Einstein em Goiás. Além da ressecção da mama, os médicos fizeram a remoção de toda a parte doente e reconstrução simulando a aréola e mamilo com um enxerto de pele da região inguinal (entre a genitália e a coxa).
“Pelo volume muito grande da mama, a reconstrução precisou ser feita com a ressecção de toda a parte doente. A gente não consegue usar as técnicas habituais de reconstrução da aréola e da papila por dois motivos: o tamanho da mama era muito grande – então o bico do peito era longe da posição normal – e por causa da doença que ela tinha na região”, explica o médico.
O procedimento foi bem-sucedido e a paciente se recuperou bem em casa. “Hoje, me sinto muito melhor. Foi literalmente como tirar um peso das costas. É um alívio e felicidade de saber que daqui pra frente eu tenho uma nova vida”, afirma Stheffany.
Fonte: Metrópoles
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