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“Fiz pós em oncologia em 24h”, conta pai de criança curada de leucemia



O chefe de cozinha Rodrigo Einsfeld, de 41 anos, e a publicitária Thaís, de 38 anos, não imaginaram passar por momentos tão turbulentos quando viram algumas manchinhas roxas no corpo do filho Theo.


Era janeiro de 2019, a criança tinha 3 anos de idade e havia acordado com febre e um pouco menos ativa do que habitual. No hospital, Theo realizou exames rápidos que indicaram anemia e baixa contagem de hemoglobinas.


Um dos médicos suspeitou de leucemia linfoblástica aguda (LLA) do tipo B, o tipo de câncer de sangue mais comum em crianças. Ali, soou um sinal de alerta para o casal, Theo fez novos exames e a família viveu uma espera angustiante de três dias pelo diagnóstico definitivo.


Theo, filho do casal, tinha leucemia. A nova realidade forçou a família a realizar mudanças drásticas em suas vidas.


“Nós fizemos pós em oncologia em 24h. No momento que recebemos o diagnóstico, começamos a ler tudo sobre esse universo, até então totalmente desconhecido”, contou Einsfeld ao Metrópoles.

Adaptações


Em consenso, os dois decidiram que Thaís largaria o emprego para acompanhar a rotina de tratamentos do filho. Rodrigo, por sua vez, trocaria o emprego como chefe de uma rede de restaurantes em São Paulo para tocar um delivery que montou na garagem de casa.


O casal não podia correr o risco de expor Theo a qualquer tipo de infecção, uma vez que o tratamento derrubaria sua imunidade. O cenário pandêmico complicou mais ainda o quadro.


Tratamento


Sem perder tempo, no mesmo mês que recebeu o diagnóstico, a família já deu início ao tratamento.


Os médicos recomendaram um protocolo contra o câncer utilizado na Alemanha. Foram dois anos intensos sob cuidados de oncologistas. Theo sofria dores provocadas pelo acesso na veia, náuseas devido à quimioterapia e inchaço e fome, causados pelos corticoides. Mas no geral, se saiu bem.


“O Theo aguentou numa boa, foi melhor que a gente. Tínhamos altos e baixos, e ele, por ser criança, foi muito forte”, conta Einsfeld.

Reviravolta


Em maio de 2021, Theo terminou de tomar as medicações e o câncer sumiu. Ele estava curado.

No entanto, a remissão durou pouco tempo. Em junho, os pais perceberem que os testículos da criança estavam inchados, o tumor havia retornado.


Dessa vez, já sabiam que a tratamento indicado seria o transplante de medula óssea e, após seis meses de busca, encontraram um doador desconhecido 100% compatível.


Em dezembro de 2021, Theo recebeu o transplante de medula. A cirurgia ocorreu bem e foi como um presente de Natal para a família, que já havia passado por tantos altos e baixos.


Vida normal


Um ano após o transplante de medula, Theo está curado. Atualmente com 7 anos, ele frequenta a escola, joga futebol e faz aula de tênis. Coisas normais na rotina de uma criança.


Já Rodrigo abriu dois restaurantes na grande São Paulo e Thaís voltou a trabalhar como publicitária. Graças a Theo, eles consideram ter dado um passo atrás para dar dois à frente.


Além disso, os dois são super engajados em campanhas de conscientização sobre a leucemia linfoblástica aguda. “Essa é uma história que pai nenhum gostaria de estar contando. Mas acabei expondo para incentivar as pessoas a doarem medula, doarem sangue, e também para conscientizar sobre a doença”, relata Einsfeld.


LLA


De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), 90% dos pacientes pediátricos com LLA alcançam a remissão completa quando realizam o tratamento adequado. A leucemia infantil é o câncer mais comum na faixa etária entre 0 e 19 anos, sendo responsável por 75% dos casos em crianças e adolescentes.


Assim que uma criança é diagnosticada com LLA, o protocolo convencional é iniciado. Consiste na internação do paciente e em quimioterapia em alta dose. Posteriormente, os médicos analisam as respostas do paciente ao tratamento. Se a resposta for ruim, trata-se de uma leucemia refratária.


Consulta pública


Para leucemias refratárias, o medicamento blinatumomabe é o mais indicado. Uma ampola de 10 ml desse remédio custa cerca de R$13 mil e, felizmente, já foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS).


“O medicamento permite que a gente consiga levar essa criança mais fácil e mais rápido a dar negativo para a LLA. Isso facilita na hora de fazermos o transplante de medula óssea”, afirma a oncologista Marina Tayla Mesquita, coordenadora do serviço de hematologia do Hospital do Câncer de Goiás.


Outra vantagem do tratamento com o blinatumomabe é que ele reduz significativamente os efeitos colaterais graves. O Ministério da Saúde mobiliza os pais de crianças com LLA a participarem da consulta pública (CP) aberta pela Conitec para avaliação do protocolo de uso do medicamento.


Fonte: Metrópoles

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