De janeiro a novembro deste ano, a Universidade de Brasília (UnB) realizou testes para detecção da febre amarela nos corpos de 86 macacos encontrados no Distrito Federal. Desses, apenas um teve resultado positivo para a doença, o que corresponde a 1,16% do total, aponta a univerdidade.
O único caso registrado da infecção em 2020 foi confirmado na última segunda-feira (9). O primata foi encontrado morto no bairro São José, em São Sebastião. Já nesta terça (10), a Secretaria de Saúde localizou o corpo de um outro macaco, dessa vez no Jardim Botânico. O cadáver do animal ainda está sob análise no laboratório, e o resultado deve sair na próxima semana (veja mais detalhes abaixo).
Segundo o professor de patologia veterinária Márcio Botelho de Castro, da UnB, a baixa taxa de detecção da doença demonstra que a população não deve "entrar em pânico". O pesquisador é o responsável técnico pelas análises. "Não tivemos casos em seres humanos, e a Vigilância Sanitária tomou todas as providências. Vigiar e acompanhar a morte de primatas é um trabalho de grande importância para evitar que o contágio aconteça", diz o professor. Em áreas urbanas, o vírus causador da febre amarela é transmitido aos macacos, principalmente, por meio do mosquito Aedes aegypti – também transmissor da dengue e da chikungunya.
O especialista afirma que o Laboratório de Diagnóstico de Febre Amarela em Primatas Não-Humanos do Ministério da Saúde e da UnB recebe macacos de toda região Centro-Oeste. "Este ano, foram 151 animais. Porém, no ano passado, o número foi bem maior. Foram quase 400 primatas recebidos", diz Márcio Botelho de Castro. O professor explica que macacos morrem de diversas formas e que, por exemplo, há muitas ocorrências de animais que chegam ao laboratório vítimas de choques elétricos. "A doença apareceu e é sempre uma preocupação. Os macacos são sentinelas da febre amarela. Eles morrem porque estão nas matas e são vítimas, como os seres humanos. Por isso, é sempre importante monitorá-los", aponta. Análises Na segunda-feira (9), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou a morte de um macaco por febre amarela, em São Sebastião. No dia seguinte, o corpo de outro animal foi encontrado com suspeita da doença e encaminhado ao laboratório da UnB. Ao G1, o professor Márcio Botelho de Castro explicou que, como o corpo do macaco estava congelado, o exame só foi feito na última quarta-feira (11). "Quando recebemos o macaco morto, fazemos a necropsia, examinamos os órgãos e depois colhemos amostras. Como se trata de febre amarela, o órgão alvo é o fígado", diz o especialista. O professor conta que análises microscópicas do fígado do macaco já demonstram se ele é ou não compatível com a febre amarela. Porém, o resultado definitivo só é dado quando há informações da necropsia e o exame para detecção do vírus. "Geralmente, o prazo de análise é de cinco dias. Na próxima semana, teremos o resultado", aponta. Vacinação Após a confirmação da doença em São Sebastião, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal vacinou 139 moradores da região. A ação aconteceu na segunda-feira (9) e é chamada pela pasta de "estratégia de bloqueio vacinal".
Equipes de saúde percorreram até 300 metros quadrados do local onde o macaco contaminado foi encontrado. A operação deve durar até esta sexta-feira (13).
Ao todo, 91 casas estavam fechadas e foram deixados avisos impressos informando que os moradores devem procurar uma unidade de saúde para a imunização. Como prevenir A febre amarela pode ser passada a humanos que entram em uma área de mata sem estar vacinados e que venham a ser picados por mosquitos que circulam no meio silvestre. Os principais sintomas são febre com calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores musculares, vômitos e fraqueza. A doença também pode levar à morte.
Para evitar a reprodução do mosquito Aedes aegypti – transmissor da doença – e, consequentemente, reduzir os ataques do mosquito, o Ministério da Saúde reuniu uma série de orientações. Confira abaixo:
Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa
Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol
Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros
Tampe os tonéis e caixas d’água
Mantenha as calhas limpas
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo
Mantenha lixeiras bem tampadas
Deixe ralos limpos e com aplicação de tela
Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia
Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais
Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas
Coloque repelentes elétricos próximos às janelas – o uso é contraindicado para pessoas alérgicas
Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados
Evite produtos de higiene com perfume, pois podem atrair insetos
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa
Fonte: G1