A hidrocolonterapia promete tirar restos de fezes acumulados no intestino humano e promover diversos benefícios. A técnica, que já foi alvo de críticas de especialistas, voltou a ser motivo de debate nas redes sociais depois de uma publicação da influencer e ex-BBB Adriana Sant'Anna, que mostrou em vídeo uma sessão na qual ela se submete ao procedimento.
"Uma das 7 maravilhas do mundo!!", escreveu Adriana no post em uma rede social. No começo do vídeo, ela mostra a barriga inchada e, depois, o abdômen menor.
No entanto, o procedimento é contraindicado por médicos. Ele, em geral, é feito por outros profissionais e não há estudos que comprovem os benefícios. A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (especialidade médica e cirúrgica que estuda as doenças do intestino grosso, do reto e do ânus) não reconhece a prática. Há ainda o risco de que a "lavagem" retarde a identificação de causa concretas da constipação em pessoas que sofrem o problema. Hipotireoidismo, câncer, diabetes, dieta inadequada e outros podem estar envolvidos e serem a causa da constipação (intestino preso). O que é hidrocolonterapia? A hidrocolonterapia é feita com um tipo de mangueira que é introduzida pelo ânus com o objetivo de limpar com líquido as fezes que supostamente estariam acumuladas ali. Geralmente é feito em pessoas que têm o intestino preso.
A gastroenterologista Priscilla Couto afirma que o procedimento só tira fezes acumuladas de pessoas que realmente estão com problemas na evacuação há algum tempo, caso contrário, não sai nada no procedimento.
A gastro explica que cada intestino, ou microbiota, funciona de um jeito e que por isso não tem como limpá-la completamente uma vez por semana, porque o armazenamento de fezes e a evacuação de cada um funciona de uma forma única.
"A nossa é microbiota vem a partir da nossa mãe. Com as experiências, alimentação e doenças que a gente vai adquirindo na infância, a gente vai remodelando a nossa flora intestinal. Quando chega na idade adulta a gente consegue ter uma microbiota intestinal mais determinada e a partir daí estudar e identificar a microbiota única daquele paciente", explica. ⚠️ Em ambos os casos - com ou sem intestino preso - a hidrocolonterapia pode retirar bactérias boas e necessárias para o funcionamento do intestino e causar uma disbiose (desequilíbrio de bactérias). Como é feito o procedimento? Para o procedimento são usados de 2 a 30 litros de soro que podem ser misturados com outras substâncias como, por exemplo, cafeína - o que pode aumentar o risco de infecção através do desequilíbrio das bactérias (disbiose).
A quantidade de líquido em si é um risco: no corpo humano há 1,5 metro de intestino e a pressão pode fazer o órgão romper, além do risco de a própria mangueira atravessar o tecido. “Nenhum trabalho mostrou benefício real. Eu diria que hoje em dia talvez traga mais riscos do que possíveis benefícios”, opina Vladimir Schraibman, cirurgião geral e do aparelho digestivo pela Universidade Federal de São Paulo. 👉 Para fazer exames mais invasivos como colonoscopia é feita uma limpeza mais intensa do intestino, mas o líquido ingerido é pela boca. Outras lavagens tradicionais usam cerca de 100 a 200 ml para limpar o canal, enquanto a hidrocolonterapia usa litros.
“A lavagem é simplesmente colocar um pouco de líquido e fazer limpar as fezes que estão na parte mais final do intestino”, explica Vladimir sobre lavagens indicadas por médicos. O que a hidrocolonterapia causa? Os pacientes que fazem esse tipo de procedimento dizem se sentir melhores e mais leves. No entanto, os relatos de que melhoram a pele e que a terapia libera toxinas não é comprovada. Tudo o que há até o momento são relatos.
“É que nem fazer xixi quando está muito apertado ou evacuar. Quando você está com muita vontade não te dá um alívio?”, explica o médico-cirurgião.
Quais são os perigos da hidrocolonterapia?
A hidrocolonterapia pode causar algumas complicações para os pacientes como:
Perfuração do intestino
Infecção intestinal
Alteração na flora intestinal (microbiota)
Desidratação
Desequilíbrio hidroeletrolítico - que afeta o sódio e o potássio presentes no corpo, por exemplo.
Segundo o médico cirurgião Vladimir, as clínicas indicam fazer o procedimento uma vez por semana para que dê tempo de o intestino ser preenchido por fezes mais uma vez.
Priscilla Couto, gastroenterologista da Segmedic, é contra a indicação. Ela afirma que "não existe ficar fazendo lavagem para regulação intestinal", já que é uma das funções naturais do corpo.
Fonte: G1
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