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Estimulação magnética transcraniana repetitiva é segura e eficaz para tratar depressão refratária

A estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) foi aprovada em 2008 pela Food and Drug Administration (FDA) norte-americana para tratar a depressão refratária. No Brasil, uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2012 aprovou o uso clínico deste procedimento, que vem sendo cada vez mais utilizado em todo o país. Em uma revisão, publicada em setembro no periódico Current Opinion Psychiatry,o Dr. André Brunoni, psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pesquisadores internacionais discutiram sobre o atual uso da EMTr e as perspectivas para o futuro. [1] O Dr. André falou ao Medscape sobre o trabalho.

Atualmente, o principal alvo da EMTr no tratamento do transtorno depressivo maior é o córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL). Estudos têm mostrado que a rede frontoparietal – da qual o CPFDL faz parte – de pacientes deprimidos costuma ser hipoativa. Ao atuar sobre a região, acredita-se que a EMTr promova o equilíbrio funcional entre as redes neurais.

O Dr. André explicou que segurança e ausência de efeitos colaterais são as principais vantagens da EMTr, principalmente em relação aos antidepressivos, que provocam efeitos colaterais importantes, entre eles, ganho ponderal e perda da libido.

“Os pacientes respondem aos medicamentos, mas os efeitos colaterais fazem com que o uso prolongado, ou até mesmo por pouco tempo, seja comprometido”.

A estimulação magnética é benéfica para os pacientes que apresentam eventos adversos e também para os que não querem ou não podem tomar antidepressivos devido a interações medicamentosas, destacou. O médico lembrou que, do ponto de vista psiquiátrico, a estimulação é indicada para os casos de média refratariedade, ou seja, pacientes moderadamente resistentes ao tratamento com depressão uni ou bipolar.

Como é um procedimento muito seguro, disse o Dr. André, a EMTr pode ser combinada com antidepressivos ou com psicoterapia. “Vemos também que certas classes de medicamentos e algumas formas de psicoterapia são potencializadas pela estimulação magnética transcraniana, por exemplo, os antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina e a terapia cognitivo-comportamental”, ressaltou.

Quanto ao futuro, são várias as possibilidades. Segundo o especialista, ainda é preciso entender melhor como a EMTr funciona, quais parâmetros podem ser usados e onde a bobina pode ser posicionada de maneira mais precisa. No momento, os pesquisadores têm se dedicado ao estudo de novos tipos e novos posicionamentos de bobina, bem como novos protocolos, por exemplo, de estimulação magnética transcraniana acelerada, na qual são feitas múltiplas sessões de estimulação (com pelo menos 600 pulsos por sessão) por dia, reduzindo assim o tempo total de tratamento.[1]

Mas, para o Dr. André, a otimização e a personalização do tratamento são os caminhos mais promissores. “A otimização significaria aumentar ainda mais a eficácia da estimulação magnética que, no momento, é razoável, e, portanto, ainda pode ser melhorada. A personalização, por sua vez, pode permitir identificar os pacientes com mais chances de resposta positiva à estimulação já no início do tratamento, e o uso de biomarcadores ou de marcadores por imagem pode ajudar a determinar quem responde melhor à estimulação transcraniana”, disse.

Fonte: Medscape

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