Nas últimas semanas, a medição terrestre de 62ºC na Índia, um nível de calor que bateu recordes internacionais, voltou a chamar a atenção para os efeitos do aquecimento global. As mudanças climáticas causadas pela emissão de gases do efeito estufa, aliadas ao desmatamento, vem aumentando gradativamente a temperatura do planeta e causando diversos problemas.
Uma das principais consequências do aquecimento global é, justamente, na saúde da população. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o problema, inclusive, uma ameaça ao bem-estar mundial.
Em outubro de 2021, a agência internacional publicou um documento afirmando que, entre 2030 e 2050, são esperadas 250 mortes adicionais por ano em consequência de doenças agravadas pelo aquecimento global — o custo direto para a saúde deve ficar entre 2 e 4 bilhões de dólares por ano a partir de 2030.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, já classificou o aquecimento global como a “maior ameaça de saúde para a humanidade”. “Os riscos advindos das mudanças climáticas podem ser muito maiores do que qualquer doença sozinha. A pandemia de Covid-19 vai acabar, mas não existe vacina contra a crise do clima”, afirmou, em um editorial publicado em 220 jornais ao redor do mundo.
Riscos para a saúde
A OMS aponta pelo menos 9 riscos para a saúde causados pelo aquecimento global. Os mais óbvios são a exaustão pelo calor, que pode causar mortes durante picos extremos de temperatura, e a ampliação do risco de problemas respiratórios pela poluição do ar.
A concentração alta de dióxido de carbono na atmosfera pode aumentar a quantidade de substâncias que fazem mal à saúde, além de pólen e esporos de mofo. As principais consequências seriam o aumento dos casos de câncer de pulmão, asma e doenças pulmonares crônicas.
Se estima que o aquecimento global também influencia a cadeia de produção de alimentos. A OMS acredita que mudança climática aumentará a quantidade de pessoas desnutridas e potencializará as doenças causadas pelo consumo de alimentos contaminados.
Também há preocupação com o aumento das comidas processadas causado pela escassez de alimentos saudáveis — o consumo exagerado pode levar à obesidade, diabetes e hipertensão, por exemplo.
O aquecimento também deve aumentar a população de mosquitos, que podem transmitir diversas doenças, como malária, dengue e zika. O desmatamento tende a aproximar os seres humanos de animais silvestres, potencializando o risco de novas zoonoses, como a Covid-19.
Algumas pesquisas já apontam, inclusive, que eventos climáticos extremos (inundações, tornados, grandes incêndios) são responsáveis pelo aumento da ansiedade e do estresse — o sentimento já tem até nome, e é chamado de “ansiedade climática”.
Um estudo feito pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica Nature Climate Change, mostra que o aquecimento global pode, inclusive, ser responsável pela alta no número de suicídios. Os cientistas estimam 21 mil casos só nos EUA e México até 2050.
Para mitigar os problemas causados pelo aquecimento global, a OMS pede que o mundo crie mecanismos conjuntos para controlar a emissão de gases do efeito estufa e o desmatamento.
Fonte: Metrópoles
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