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Crianças e Ômicron: entenda por que cepa contamina mais pacientes


 
 

Desde as primeiras ondas da Covid-19, as crianças parecem ser poupadas de quadros graves da infecção pelo coronavírus. As cepas iniciais eram responsáveis por quadros assintomáticos na maioria das vezes — no começo da pandemia, se alertava inclusive para a possibilidade de que indivíduos do grupo sem sintomas transmitissem o vírus para idosos –, mas, com a identificação da variante Ômicron, o cenário mudou.


Mesmo causando quadros menos graves, a Ômicron é mais transmissível do que as cepas anteriores e, por isso, vem provocando um aumento de casos em todas as faixas etárias. Depois que as restrições de circulação foram retiradas, todos os públicos voltaram a se encontrar e as escolas reabriram, o que possibilitou que o vírus chegasse às crianças.


No Brasil, assim como em outros países, a população pediátrica se tornou presença constante nos hospitais. Com a maioria dos adultos já vacinados, são poucos os casos de evolução grave da doença entre essa população — em contrapartida, nas crianças, que ainda não foram imunizadas, uma quantidade maior de casos leva a uma proporção maior de internações, pois muitos não têm qualquer defesa contra a infecção.


“A maioria das crianças tem quadro leve, mas há casos que precisam de intubação, de UTI. A letalidade ainda é pequena. O problema é que em um universo grande de diagnósticos, mesmo uma porcentagem pequena se torna significativa”, detalha o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O infectologista pediátrico Bruno Oliveira, coordenador de infectologia da Sociedade de Pediatria do DF, explica que, além da Ômicron, houve ainda um aumento de casos de outras duas síndromes respiratórias, a influenza e o vírus sincicial respiratório.


“No último mês, percebemos um aumento muito importante nas internações pediátricas por coronavírus, todos os hospitais pediátricos do DF estão bastante ocupados com essas crianças. Tivemos a coincidência dos três vírus ao mesmo tempo”, conta o especialista.


Existe uma preocupação latente sobre a capacidade da rede de saúde de absorver os novos casos. “A infraestrutura de atendimento para crianças graves é muito limitado, assim como a quantidade de profissionais de saúde para esse segmento da população”, completa o infectologista José David Urbaez, presidente da Sociedade de Infectologia do DF.

A Ômicron age diferente em crianças?


A variante Ômicron é bastante diferente das cepas anteriores do coronavírus, e apresenta mais que o dobro de mutações presentes na Delta, que foi a versão dominante do vírus até o final de 2021. A comunidade científica ainda tenta entender exatamente como as características da cepa interferem nos sintomas, inclusive em crianças.


Alguns levantamentos já mostraram que a Ômicron tem ação maior no trato respiratório superior e não chega a impactar os pulmões: por isso, não leva a quadros tão graves da Covid-19. Por ter vias aéreas menores, as crianças estariam expostas a irritações e infecções na região. A tosse pesada, que parece um latido, e que tem afetado os pacientes infantis pode ser um exemplo de como a Ômicron se desenvolve.


Porém, essa característica não é suficiente para aumentar as internações. Para Kfouri, infecções das vias aéreas costumam ser mais leves e facilmente resolvíveis. Os médicos contam que, com o que se sabe até agora, não é possível definir se a variante se comporta de forma muito diferente em crianças.


“Não há essa caracterização de comportamento. A apresentação das crianças sintomáticas será, fundamentalmente, uma síndrome gripal, sem grandes diferenças clínicas”, conta Urbaez.


O infectologista Oliveira lembra que os principais sintomas da Covid-19 em crianças se assemelham aos de uma gripe comum: coriza, nariz entupido, febre, dor de garganta, dor no corpo, tosse, espirros, diarreia e vômitos.


E a Covid longa?


Nas ondas anteriores da Covid-19, poucas crianças foram infectadas e, por isso, não há muitas informações sobre a Covid longa neste público — a condição é caracterizada por sintomas da doença que vão muito além dos dias da infecção.


A maioria dos estudos foi realizada em países mais ricos, onde a população é mais velha, e poucas crianças foram infectadas — por isso, não há muitas informações sobre a condição neste público. A dificuldade em conseguir crianças com autorização dos pais com menos de 11 anos para participarem de pesquisas clínicas também é indicada como um obstáculo pela comunidade científica.


Porém, até o momento, os hospitais internacionais não têm notado uma alta na quantidade de pacientes pediátricos precisando de atendimento pós-infecção. Será necessário esperar mais meses depois da onda de casos para avaliar a situação.


Fonte: Metrópoles

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