Apesar de a vacinação contra a Covid-19 ter protegido grande parte da população de apresentar piora no quadro clínico quando infectada pelo coronavírus, muitos pacientes que tiveram a doença continuam com os sintomas da condição por muitos meses.
Porém, cerca de três anos após o primeiro caso de Covid-19 registrado, a comunidade científica parece ter encontrado uma possível combinação de remédios para tratar um dos principais sinais da Covid longa.
A queixa mais comum entre os pacientes é a confusão mental e outros sintomas típicos da névoa cerebral, termo designado para um distúrbio cognitivo que afeta o funcionamento da memória.
Ainda não existem tratamentos disponíveis para a condição, mas pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, estão estudando os medicamentos guanfacina e N-acetilcisteína (NAC) que, associados, podem aliviar os efeitos causados pela névoa cerebral. Os resultados já obtidos foram publicados na revista científica Science Direct.
A guanfacina é usada para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Porém, os médicos também a usam para outros distúrbios, como transtorno de estresse pós-traumático e lesão cerebral traumática. Já a N-acetilcisteína é um poderoso antioxidante e anti-inflamatório também aplicado no tratamento de lesão cerebral traumática.
A guanfacina foi desenvolvida para fortalecer as conexões do córtex pré-frontal e proteger contra inflamações e estresse, e a NAC também pode ser usada para tratar essa região do cérebro.
Testando novos métodos
Para a realização da pesquisa, os cientistas trataram 12 pacientes que apresentavam névoa cerebral e confusão mental, incluindo dificuldades nas funções executivas. Os participantes foram orientados a tomar 1 mg de guanfacina antes de dormir e, caso o medicamento fosse bem tolerado, aumentar a dose para 2 mg. Eles também tomaram 600 mg de N-acetilcisteína.
A combinação das substâncias melhorou as habilidades cognitivas em oito dos 12 participantes. Quatro pacientes desistiram do experimento: dois por hipertensão e/ou tontura, efeitos colaterais comuns da guanfacina, e os outros dois por motivos não detalhados.
Um dos pacientes apresentou um episódio de hipotensão e, por isso, parou de tomar guanfacina por um período breve. Sem o medicamento, o voluntário apresentou um retorno dos déficits cognitivos. Ao retomar a terapia, sua névoa cerebral se dissipou mais uma vez, e ele não apresentou mais quadros de tontura.
Apesar dos resultados animadores, os cientistas afirmam que ensaios clínicos mais extensos com controles de placebo são necessários para confirmar se a combinação de drogas realmente melhora a confusão mental causada pela Covid-19.
Fonte: Metrópoles
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