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Contratação de médicos recém-formados com perfil humanista está em alta

No Brasil, o perfil e as competências para o profissional médico em formação foram definidos em 2001, nas Diretrizes Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, proposto pelo Ministério de Educação e Cultura. O documento diz que um médico deve ter uma “formação generalista, humanista, crítica e reflexiva; capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano”.

Entretanto, não é de hoje que entidades médicas brasileiras alertam para a falta de conhecimento técnico da maioria dos recém-formados, além da necessidade de uma “seleção mais humanista”.

A humanização da relação médico-paciente tem sido um desafio para os dois lados. Mas há um consenso de que essa preocupação tem de estar presente com mais tempo – e com maior criatividade – na grade curricular das faculdades de Medicina.

O desafio, portanto, está em uma dosagem mais adequada entre o ensino técnico e o exercício de uma prática humanizada. As escolas mais tradicionais – especialmente as públicas – destacam a importância que essa filosofia já tem em seus currículos.

Muitos médicos experientes e titulares das mais diversas sociedades brasileiras e entidades internacionais apontam para a necessidade de uma campanha de esclarecimento para o respeito e valorização do médico, bem como do resgate do humanismo na medicina.

Perfil de médico humanista em alta

“As instituições de saúde têm visado um atendimento mais humanizado desde a entrada do paciente na instituição até o encerramento ou desfecho do atendimento, e isto tem demonstrado que os pacientes sentem-se mais acolhidos e mais satisfeitos tendo maior aderência às orientações propostas pela equipe”, defende o médico Artur Malzyner, consultor científico da CLINONCO – Clínica de Oncologia Médica e oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, além de ser membro da American Society of Clinical Oncology (ASCO), European Society for Medical Oncology (ESMO) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Essa é a mesma opinião de Vanessa Prado, médica do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Aparelho Digestivo (SBCD) e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBC).

“As instituições de saúde têm interesse por médicos mais completos e isso engloba a humanização no atendimento. Ser ou não recém-formado, não importa, o que faz a diferença é a qualidade no atendimento. Com certeza, se você tem uma visão humanizada, vai dar mais atenção ao paciente, fazer um atendimento com carinho, acolhedor, escutar o que o paciente tem a dizer, falar palavras que ele possa entender, e dar o conforto se ele precisar. A chance de crescimento profissional é gigantesca, pois isso é um diferencial positivo pro médico”, ressalta.

Benefícios de ter um médico com visão humanista na equipe

Para o oncologista Artur Malzyner, o atendimento humanizado melhora o ambiente de trabalho, fazendo com que os profissionais colegas de trabalho se sintam orgulhosos e satisfeitos pelo pertencimento àquela instituição.

“O médico com perfil humanista contribui para um melhor acolhimento, adaptação e adesão do paciente aos projetos de diagnóstico e tratamento, além de afinar a relação trinomial gestor-médico-paciente. Isso porque esse profissional não trata apenas de uma doença, trata do paciente com a sua bagagem pessoal e procura ter uma abordagem voltada também para o lado emocional, social, cultural, entre outros”, destaca.

Ele destaca que, como a oncologia trata muitas vezes de doenças avançadas, com risco de óbito, é de extrema importância um tratamento humanizado, visto que esses pacientes apresentam não apenas o sofrimento físico, mas também psicológico decorrente do diagnóstico e da iminência de morte.

“É preciso respeitar a autonomia já anteriormente discutida e a vontade do paciente, bem como de seus familiares autorizados expressamente por ele para, assim, direcionar o tratamento mais adequado para que possamos oferecer uma melhor qualidade de vida, bem-estar e longevidade ao paciente, independente do desfecho antecipado”, frisa Artur Malzyner.

O grande diferencial de um médico

Segundo o médico Ricardo Luba, ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana, residente de Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros – Casa Maternal, o grande diferencial de um médico, além da técnica, é ser mais humano na relação médico-paciente.

“Costumo dizer que dentro da área de Reprodução Humana que nós, médicos, temos que oferecer o que temos de melhor, mostrar os caminhos que podem ser percorridos, mas quem decide esse caminho é o paciente. E eu vou simplesmente junto “de mãos dadas” com ele, o guiando por esse caminho. E, especialmente nestas áreas onde não há como garantir sucesso, como a Reprodução Humana ou até mesmo o tratamento da dor, que a postura do médico influencia. Os pacientes, às vezes, não consegue engravidar, mas continua com você porque acredita em você e vê o quanto humano você é. E todas as vezes que eu tive um feedback positivo do meu trabalho, foi justamente graças a minha parte mais humana dentro do tratamento, e isso é muito interessante a ser destacado”, conta Ricardo Luba, que também é membro de diversas entidades nacionais e internacionais, como a American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL), a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), a Sociedade Brasileira de Endoscopia Ginecológica e Endometriose (SOBENGE) e a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).

Enfim, ser atendido por um médico com perfil mais humanista pode garantir que o paciente seja beneficiado por usufruir de uma relação de confiança com o responsável pelo seu tratamento, se sentindo mais seguro com relação às decisões tomadas, sabendo que os seus desejos, crenças e culturas estarão sendo respeitados e levados em conta. Além de ter mais liberdade para discutir as opções terapêuticas com o seu médico e de participar da tomada de decisão perante o seu próprio tratamento.

Fonte: Pebmed

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