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Como o óleo em praias do Nordeste pode afetar a saúde

Desde o fim de agosto e início de setembro, diversas manchas de óleo têm aparecido em praias do Nordeste. Já são 200 pontos atingidos, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Em Pernambuco, manchas voltaram a aparecer em praias que já tinham passado por uma limpeza.

Especialistas afirmam que este é o pior desastre da história para os corais brasileiros. Cientistas dizem que levará até anos até que os danos possam ser bem avaliados.

Mas quais os riscos para a nossa saúde e para quem está em contato direto com o óleo? A maioria dos voluntários não usa luvas para conter as manchas. Muitos não estão usando nem calçados adequados.

De acordo com a dermatologista Márcia Purceli, uma das consequências é relacionada à pele. “Existe o risco dessas pessoas apresentarem a dermatite de contato do tipo irritativa. Ou seja, essas substâncias que são encontradas nesse tipo de óleo, no petróleo cru, elas podem, em contato com a pele, desenvolver a dermatite irritativa”.

Os sintomas da dermatite são: coceira, vermelhidão e descamação. Eles podem aparecer em até 24 horas após o contato. “O sintoma nem sempre é imediato. Pode ser na hora ou um dia depois”, explica a dermatologista. As regiões mais acometidas são as mãos, dedos e rosto.

O Conselho Federal de Química alerta que o contato com manchas de óleo pode causar câncer. Sheylane Luz, presidente do Conselho Regional de Química da 1ª Região, que atua em Pernambuco, afirma que hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA) presentes no petróleo cru estão entre os compostos mais tóxicos do óleo nesse estado.

Quero ajudar. Como devo me proteger?

Se a pessoa está em alguma praia contaminada e quer ajudar nos mutirões de limpeza, antes de entrar em contato com o óleo, ela deve tomar alguns cuidados. “É preciso usar a galocha para proteger a pele dos pés e as luvas de borracha”, orienta Purceli.

21 de outubro – Cerca de 200 voluntários e equipes da prefeitura trabalham para retirar manchas de óleo de trecho entre as praias de Itapuãma e Pedra do Xaréu, em Cabo de Santo Agostinho (PE) — Foto: Pedro de Paula/Fotoarena via Estadão Conteúdo

Os perigos da inalação

Os sintomas vão além da pele. O médico toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da Universidade de São Paulo (USP), explica que inalar os elementos que estão no ar pela evaporação desse óleo também é perigoso.

“Pode causar tosse, irritação e asma, além da pneumotite química, que é a inflamação dos pulmões e a principal consequência da inalação desse óleo”.

O petróleo é uma mistura de centenas de substâncias de decomposição. São bactérias, fungos, além de hidrocarbonetos. Quando o petróleo fica no mar, submetido ao calor, ele vai evaporar e as pessoas vão inalar as substâncias.

Wong dá uma orientação importante: “idosos, crianças, grávidas, pessoas com baixa imunidade e com doenças crônicas devem evitar ao máximo o contato com o óleo”.

E quem teve contato com o óleo?

Se houver contato com o óleo, o recomendado é lavar rápido com bastante água e sabão neutro. Para os olhos, a indicação é o uso de soro fisiológico. Caso perceba os sintomas da dermatite, a pessoa precisa usar uma pomada de corticoide. “O ideal é passar primeiro em um médico, mas a pessoa pode usar por até sete dias a pomada. Deve-se passar só na região onde está o vermelhidão, a coceira”, completa a dermatologista.

Fonte: Bem-estar

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