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Cirurgias plásticas voltam com força no afrouxamento do isolamento social


 
 

A vendedora Lívia Roque, de 36 anos, se internou em 8 de junho para fazer uma cirurgia. Apesar dos números ainda altos de contágios e mortes por coronavírus no Rio de Janeiro, ela não teve medo. “O hospital interna os pacientes com Covid-19 em outro prédio”, explica.


Seu procedimento foi rápido e no dia seguinte ela foi para casa se recuperar de um implante de silicone nos seios. Como Lívia, muita gente tem aproveitado o trabalho remoto para investir na estética, o que, apesar dos pedidos de isolamento social, já provocou um aumento por volta dos 30% nas plásticas em comparação ao mesmo período do ano passado.


A demanda represada pelos meses de consultórios fechados (de março a maio) é parte da explicação, mas os cirurgiões plásticos apostam em outras motivações, a maioria delas ligadas a esses tempos de exceção. O ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica André Maranhão acredita que o fator “tempo em casa” foi crucial. “A recuperação fica mais fácil. É possível fazer uma reunião por videoconferência dois dias depois de operado dependendo do procedimento”, pondera. Essa foi a principal motivação de Lívia. “Meu marido também está de home office e com isso poderia me ajudar na recuperação e cuidar do nosso filho e da casa”, conta a mãe de um menino de 7 anos.


Mas Maranhão lista também em outros fatores para uma busca estética.“As pessoas estão se vendo mais. Em uma reunião presencial, você não se percebe. Mas no Zoom, é o seu rosto ali o tempo todo e sem filtro”, explica. “Começaram a notar mais as imperfeições”. Ele ressalta que houve um aumento das cirurgias na região das pálpebras, como a blefaroplastia, que retira os excessos de pele e levanta o olhar. A dermatologista Paula Bellotti também sentiu isso: “Olhos e pescoço são as maiores demandas. Justamente as regiões que a máscara não esconde”. Para essas áreas, há busca por bioestimuladores, microagulhamento robótico e hidratação com ácido hialurônico.


A médica reabriu sua clínica aos poucos a partir de maio, começando a atender pacientes com queda de cabelo e acne causadas pelo estresse da quarentena. Mas viu chegar logo uma busca considerável pelos procedimentos estéticos. “Também há uma procura grande por tratamentos corporais”, observa. Os que estão na moda são o campo eletromagnético para ativação celular e o ultrassom microfocado, que usa calor para combater a flacidez.


O cirurgião plástico Pedro Granato também ficou surpreso com a demanda de seu consultório na reabertura, mas alerta: “Qualquer cirurgia baixa a imunidade. Então, os cuidados devem ser redobrados para não se contaminar nesse período”. Ele conta que a procura por lipoaspiração está alta. “Com as academias fechadas e o estresse com a quarentena, as pessoas engordaram”, aposta.


Para Cristiano Damasceno, de 47 anos, foi uma questão de timing. Tendo se curado da Covid-19 em julho, ele se sentiu mais seguro para realizar uma lipo HD no abdômen em setembro. “Eu já pensava, mas a vontade ficou bem mais forte no confinamento”, confessa. Personal shopper, Cristiano trabalhava viajando e ficou parado com a pandemia.


Os cirurgiões acreditam que o período difícil também fez as pessoas tomarem coragem. “Acho que há uma ânsia por viver e por não perder tempo para realizar seus desejos”, se arrisca André Maranhão. Apesar das críticas a quem está focado em si mesmo em meio a tantos problemas, Paula Bellotti não enxerga esse movimento como superficial: “Veio forte um pensamento de autocuidado, especialmente entre as mulheres maduras”, observa. “Não sinto que as pessoas estão fazendo isso para atender expectativas dos outros, mas por elas mesmas”.


Fonte: O Globo

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