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Cigarros eletrônicos ajudam ou atrapalham a cessação do tabagismo?

Em julho deste ano a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o Brasil como referência no combate ao tabagismo. O país se juntou à Turquia, tornando-se a segunda nação a implementar integralmente as medidas de enfrentamento recomendadas pela entidade.

Mas, apesar do avanço, o cenário exige atenção constante. Especialistas afirmam que ainda há desafios, e um deles é o cigarro eletrônico.

Embora a comercialização seja proibida no Brasil, o dispositivo já representa um problema em países como os Estados Unidos. Em um debate realizado em agosto no Simpósio Internacional Americas Oncologia, especialistas alertaram que, “os médicos não devem recomendar a troca do cigarro tradicional pelo cigarro eletrônico, mas sim a cessação do tabagismo.”

O Dr. Mauro Zamboni, pneumologista do Instituto Nacional de Câncer (INCA), explicou durante o evento que o produto foi lançado em 2003 e, ao longo do tempo, apresentou diferentes formatos (sistemas fechado e aberto), estando, atualmente, na quarta geração. Dados dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) mostram que, nos EUA, o consumo de cigarros eletrônicos vem aumentando conforme o aumento da propaganda e a diminuição do preço desse tipo de produto.

Segundo o especialista, o cigarro eletrônico surgiu como uma potencial forma de “redução de danos”, e há vários trabalhos na literatura que “tentam mostrar que o cigarro eletrônico é uma ferramenta positiva que contribui para a cessação do tabagismo”.

Um estudo publicado no periódico New England Journal of Medicine mostrou, por exemplo, que, em um programa do Reino Unido com acompanhamento comportamental semanal, os cigarros eletrônicos foram mais eficazes para a cessação do tabagismo do que os substitutos de nicotina. No entanto, o especialista explicou que o mesmo periódico publicou críticas ao trabalho em seu editorial, entre elas, a ausência de medidas objetivas e validadas para determinar a adesão dos participantes e a possibilidade de os conselheiros que acompanharam os pacientes durante o programa terem influenciado os resultados. Além disso, a taxa de abstinência reportada com o uso do cigarro eletrônico (18%) na 52ª semana foi similar ou pior à observada com os medicamentos utilizados para a cessação do tabagismo, como a vareniclina.

O Dr. Mauro lembrou que a Food and Drug Administration (FDA) norte-americana não aprovou o uso do cigarro eletrônico como método de auxílio à cessação do tabagismo.

O Dr. Alberto José de Araújo, pneumologista e sanitarista do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT) do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IDT/UFRJ), explicou que a OMS considera todas as formas de uso do tabaco prejudiciais à saúde.

O tabaco é inerentemente tóxico e contém carcinógenos mesmo em sua forma natural. A OMS recomenda que os dispositivos eletrônicos estejam sujeitos às medidas e políticas regulatórias aplicadas a todos os produtos com tabaco.

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