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'Chip da beleza': entidades médicas pedem à Anvisa medidas contra implantes hormonais no Brasil

Foto do escritor: Portal Saúde AgoraPortal Saúde Agora


Em uma carta dirigida à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sete sociedades médicas expressaram preocupação com a crescente utilização indevida de implantes hormonais no Brasil.


Segundo as entidades, a aplicação desses implantes, frequentemente contendo esteroides anabolizantes e apelidados de "chip da beleza", é promovida como parte de estratégias que exaltam um ideal de corpo perfeito e estilo de vida saudável, mas que não possui respaldo ético e científico.


"A 'chipagem hormonal', apresentada por supostos especialistas e comercializada como 'medicina moderna', revela-se, na verdade, uma prática antiquada e obsoleta, uma vez que utiliza medicamentos descontinuados pela Medicina Baseada em Evidências", alertam as entidades na nota.

O texto é assinado pela ABESO (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) e a SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).


Como mostrou o g1, recentemente, a ocitocina passou a ser usada nos "chips da beleza" com a promessa de ajudar no emagrecimento. O uso do hormônio nesses implantes é a nova tendência on-line com o movimento “ocitocine-se”.


Segundo especialistas (e as entidades médicas), porém, isso representa um risco à saúde e não tem qualquer comprovação científica de que traga os resultados prometidos.


"Não existe dose, tampouco acompanhamento médico que garanta segurança para o uso de hormônios para fins estéticos ou de performance. Os efeitos colaterais podem ser imprevisíveis e graves, com os riscos ultrapassando qualquer possível benefício", alertam as entidades na carta.


Casos de infarto agudo do miocárdio, de tromboembolismo e de acidente vascular cerebral vêm se tornando frequentes. Complicações cutâneas, hepáticas, renais, musculares e infecções estão associadas ao uso dos implantes. Manifestações psicológicas e psiquiátricas, como ansiedade, agressividade, dependência, abstinência e depressão são cada vez mais comuns.

— Entidades médicas em carta ao diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres.


No texto, as sociedades médicas pedem ainda providências à Anvisa com relação à prescrição, comercialização e uso desses implantes hormonais. Além disso, instam a agência a aprimorar o controle do uso de esteroides anabolizantes, seja por meio de notificação de receita A (usada para a prescrição de substâncias entorpecentes e psicotrópicas) ou através de sistema eletrônico de prescrição.


O g1 procurou a Anvisa, mas, até a mais recente atualização desta reportagem, não obteve retorno.


Ocitocina não tem eficácia comprovada para fins estéticos


Não há qualquer pesquisa que ateste a eficácia da ocitocina para tratar obesidade, ansiedade ou falta de libido.


➡️ O que tem efeito comprovado é apenas na indução e no pós-parto.


O ginecologista Marcelo Luis Steiner explica que, em gestantes, são usadas cerca de 5 unidades ao longo do trabalho de parto. Já no pós-parto de 15 a 20 unidades por seis horas.


No caso da paciente internada com edema, o implante dela tinha mil unidades que deveriam ser liberadas aos poucos.


❗ No entanto, a absorção dos hormônios é uma das questões que fez o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibir o uso desses chips.


O médico e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Augusto Miranda, explica que a ciência vem estudando o papel desse hormônio, mas as pesquisas são voltadas para a sensação de bem-estar.


  • O primeiro passo dos estudos tem sido compreender como identificar a deficiência desse hormônio no organismo.

  • Para doses extras de qualquer coisa no corpo, é preciso antes saber se há uma baixa e o que a deficiência pode causar. Sem isso não é possível pensar em fazer qualquer suplementação, como no caso do chip hormonal.


Estamos na fase de tentar identificar a deficiência e na compreensão dos efeitos crônicos dessa falta de ocitocina. Ou seja, não dá para dizer que injetar isso possa trazer benefícios. O que sabemos é que não é seguro.

— Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia


“Chips da beleza” são proibidos



Um dos pontos é, justamente, a absorção. Os chips podem guardar diversos hormônios que são administrados em quantidades diferentes e que devem ser liberadas aos poucos no corpo.


No entanto, os estudos não mostraram, de forma clara, o perfil de absorção dessas substâncias e, com isso, as reações adversas.


Não temos estudos que determinem de maneira clara o perfil de absorção dessas substâncias no chip. E os estudos que existem mostram que há uma variação individual e isso muda o efeito colateral de pessoa para pessoa. Ou seja, é um risco.

— Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM.


Fonte: G1

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