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Cerca de um a cada seis médicos dizem cometer erros de diagnóstico todos os dias

Um a cada seis médicos que responderam uma enquete do Medscape estimaram cometer erros de diagnóstico todos os dias.

Esse número oscilou de acordo com a especialidade. Os pediatras tiveram menos probabilidade de dizer que cometiam erros de diagnóstico todos os dias (11%) e os médicos emergencistas foram os que indicaram errar com mais frequência (26%). Entre estes extremos ficaram os médicos da medicina de família (18%), os generalistas (22%) e os especialistas em medicina interna (15%).

Outros profissionais de saúde responderam de forma semelhante: 17% disseram que estimavam cometer erros de diagnóstico diariamente.

As perguntas da enquete, divulgada em 26 de junho, foram elaboradas depois de o Medscape ter noticiado os resultados de um estudo publicado no periódico Journal of General Internal Medicine sugerindo que os médicos tendem a subestimar a frequência com que cometem erros de diagnóstico.

Entre os que responderam à enquete havia 633 médicos e 118 profissionais de saúde não médicos, totalizando 751.

Pesquisadores da Johns Hopkins University School of Medicine, nos Estados Unidos, fizeram uma enquete com especialistas em medicina interna em nove programas de residência em medicina interna nos EUA para avaliar a opinião destes profissionais sobre a incerteza e o erro de diagnóstico.

A maioria acreditava que os erros de diagnóstico eram pouco comuns (ocorriam uma vez por mês ou menos), apesar de a metade dos entrevistados ter informado que todos os dias tem incertezas sobre algum diagnóstico. Os números publicados anteriormente estimam que os erros de diagnóstico ocorrem em 10% a 15% de todas as consultas dos pacientes.

Uma profissional de saúde de outra formação escreveu comentários na enquete do Medscape sobre a importância da diferenciação entre erro diagnóstico e incerteza. “Esta última faz parte do processo de encaminhamento para um especialista”, observou.

Os resultados da pesquisa indicaram que os profissionais de saúde não médicos informaram na enquete um grau ligeiramente mais elevado de incerteza diagnóstica do que os médicos.

Tabela. Frequência de incerteza diagnóstica por categoria de profissional de saúde FrequênciaMédicos% Outros profissionais de saúdeTodos os dias5264Cerca de uma vez por semana2021Várias vezes por mês139Uma vez por mês145Nunca00

Os resultados sobre a incerteza foram semelhantes entre os médicos do sexo masculino e feminino.

Razões para os erros

Os médicos e o outros profissionais de saúde concordaram com as três principais razões pelas quais os erros de diagnóstico ocorrem. Uma foi a “falta de retorno sobre a acurácia diagnóstica” (38% dos médicos e 44% dos outros profissionais de saúde mencionaram isso como um fator). Outra foi o pouco tempo disponível, indicado por 37% dos médicos e 47% dos outros profissionais de saúde. Finalizando as três principais causas, foi “uma cultura que desestimula a divulgação dos erros” (27% dos médicos e 33% dos outros profissionais de saúde).

Os médicos emergencistas tiveram maior probabilidade do que os médicos em geral (76% versus 52%) e os outros profissionais de saúde (64%) de afirmar terem incertezas diagnósticas diariamente.

Um emergencista que comentou a enquete explicou a incerteza na sua especialidade: “Ousaria dizer que no pronto-socorro não há como fazer um diagnóstico definitivo na maioria dos quadros inespecíficos que atendemos”, disse o médico.

“Nosso principal objetivo é fazer um ‘exame de triagem clínica’ para excluir com um grau razoável de certeza qualquer doença que exija atendimento de urgência, que não seja a causa do quadro agudo de precordialgia, dor abdominal, cefaleia, etc. Nós nos concentramos em adotar a conduta de estratificação de risco mais segura, seguindo protocolos. É um sistema que funciona razoavelmente bem, diferenciando as urgências das não urgências”, disse o emergencista.

“Nos empenhamos em sermos claros no sentido de que muitas vezes não sabemos definir a causa nos quadros de baixo risco de precordialgia, cefaleia, dor abdominal, etc. Muitas vezes nossa intervenção mais importante é simplesmente certificar o paciente que é seguro fazer o acompanhamento do quadro com o especialista para realizar mais exames – somos mais encaminhadores do que produtores de diagnósticos”.

Indagados sobre em que momento sentem mais incerteza de seus diagnósticos, a maior parte dos profissionais de saúde (70% dos médicos e 76% dos outros profissionais de saúde) respondeu ser no momento que está definindo o diagnóstico. O segundo momento mais frequente de incerteza ocorre ao decidir quais exames devem ser solicitados (34% dos médicos e 50% dos outros profissionais de saúde).

Um internista disse que uma causa de incerteza no diagnóstico não foi listada como uma opção na enquete – “a natureza inerente dos sistemas biológicos”. Nem todos os sinais e sintomas ou doenças podem ser diagnosticados, pelo menos não no tempo certo.

“Nós não somos ‘oniscientes'”, escreveu o médico. “Não compreendemos a fisiologia e a patologia humanas em sua totalidade. O simples fato de uma ‘etiqueta’ diagnóstica não poder ser atribuída a um paciente em determinado intervalo de tempo ou de um diagnóstico razoável ser feito e acabar se revelando ‘incorreto’ não constitui ‘um erro’.”

Um veterinário que respondeu à enquete disse que a inteligência artificial pode um dia fechar as lacunas do diagnóstico para os profissionais de saúde de todos os tipos.

“Estou convencido que existem muitas variáveis e possibilidades, mesmo para profissionais experientes, nossa salvação será a inteligência artificial e vamos cooperar com nosso sistema informatizado de ‘parceiros'”, disse o veterinário.

Fonte: Medscape

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