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Cearense vive angústia na busca por leito para a mãe com Covid: 'Ela vai morrer porque já é idosa?'


 
 

Pacientes e familiares de pessoas com Covid-19 relatam falta de leitos de UTI em Fortaleza. A situação ocorreu com Ana Cláudia Girão, cuja mãe, de 90 anos, está sem atendimento em unidade de terapia intensiva. Segundo Cláudia, médicos falaram que os leitos disponíveis são priorizados para pessoas mais jovens.

"Falaram que não tem. Porque está um caos, que estão dando prioridade para as pessoas mais jovens. Foi isso o que o médico me falou. A minha mãe tem 90 anos e quer dizer que vai deixar morrer? Ela vai morrer porque já é idosa? Isso não é justo meu povo. Não é justo." A mãe de Cláudia está em uma UPA de Fortaleza, onde não há leitos de UTI. As UPAs são uma das portas de entrada para pacientes com Covid-19 no sistema de saúde. Nas últimas três semanas, o número de pacientes com suspeita ou confirmados com a doença subiu 314% em Fortaleza. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a situação pior do que a registrada no pico da pandemia em 2020. Mais de trezentas pessoas ocupam as unidades de pronto atendimento da cidade. Houve ampliação de leitos, mas a alta procura é motivo de preocupação.

"A gente tem tido um crescimento diário de oferta, mas é importante também que a população contribua, que cumpra realmente as medidas que estão sendo preconizadas por esse isolamento mais rígido para que a gente possa frear a expansão do vírus e que a gente tenha capacidade instalada para absorver", diz a secretária da Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite. Em alguns hospitais do Ceará já há fila por uma vaga em leito de UTI. Em Sobral, onde todas as vagas estão ocupadas, há 60 pessoas aguardando um tratamento em unidade de terapia intensiva.

Na segunda-feira (8), a idosa Maria Zilda Pernambuco morreu aguardando um leito de UTI. Ela estava internada em Santana Quitéria e foi transferida para Sobral após agravamento da doença. Em Sobral, ela faleceu duas horas após aguardando uma transferência. Uma mensagem compartilhada por um médico de Sobral descreveu a situação na cidade. "Infelizmente perdemos um paciente por falta de vaga. Vamos nos cuidar. Eu nunca tinha perdido um paciente por falta de vaga." Fortaleza é um dos 51 municípios notificados pelo Ministério Público do Ceará para manter o estoque de oxigênio e atender os pacientes com Covid-19. Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos públicos de UTI para pacientes com Covid, no estado, é de 94%. Já são mais de 450 mil casos confirmados e 11 mil oitocentas e sessenta mortes pela doença.

A assistente social Vivian de Oliveira Sousa perdeu a mãe, o pai e o irmão na mesma semana. O marido está internado. Ela, a filha de um ano e meio e a sobrinha da mesma idade, também estão com a doença.

"Hoje, eu me sinto triste, abalada, desacreditada, tem horas que eu acho que é um pesadelo, que eu não estou vivendo isso. Porque eu não tive tempo de ter todo esse sofrimento ainda, pra lutar por eles que tão precisando de mim, da minha força, mas é uma dor que não consegue descrever, só quem passa", relata Vivian.


Fonte: G1

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