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Cannabis pode ser adjuvante no tratamento de diversos sintomas associados ao câncer

O debate acerca do uso medicinal da Cannabis e de seus compostos canabinoides ainda é alvo de muita polêmica. Estudos têm demonstrado que, no contexto oncológico, a substância parece ser uma boa opção para o tratamento de sintomas que pioram a qualidade de vida do paciente. 

Para o Dr. Carlos Marcelo de Barros, anestesiologista da Santa Casa de Alfenas e professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), ambas em Minas Gerais, cada profissional deve tomar a própria decisão, “porém, mantendo a mente aberta. Não devemos fazer juízo de valor”, ponderou.

O médico disse acreditar que, “mesmo que não elimine totalmente a dor oncológica, se a Cannabis é capaz de melhorar vários aspectos relacionados com a qualidade de vida, a substância pode compor uma classe de medicamentos benéficos, porém, deve ser usada dentro dos preceitos científicos”. Ele lembrou que, “não existem evidências para maconha fumada ou formulações caseiras”.

O tema foi abordado pelo Dr. Carlos durante sua apresentação no Simpósio Internacional Americas Oncologia, realizado em agosto no Rio de Janeiro.

Cannabis contém 545 componentes, e a maioria deles (81%) não é canabinoide. O canabidiol (CBD) é o composto derivado da Cannabis que tem efeito farmacológico por interação com receptores canabinoides e não tem propriedades psicoativas. Já o tetrahidrocanabinol (THC) é psicoativo.

Uma pesquisa nos Estados Unidos mostrou que os estados que apresentam legislação específica para o uso medicinal de Cannabis obtiveram redução anual média de mais de 24% na taxa de mortalidade por overdose de opioides, mas o Dr. Carlos lembrou que o estudo excluiu suicídios e incluiu overdose por heroína nesta estimativa.  Outro estudo mostrou que a regulamentação do uso medicinal de Cannabis tem potencial de diminuir a prescrição de opioides. 

Cannabis medicinal na dor

Quando se trata de dor, o palestrante destacou a necessidade de diferenciar a dor crônica da oncológica. Com relação à dor crônica, disse ele, “ainda são poucos os ensaios de qualidade, além disso, os trabalhos utilizam formulações diferentes das comercialmente disponíveis, o que representa uma das várias limitações do uso”. No caso da dor oncológica, de acordo com o médico, uma terapia adjuvante para dor do câncer avançado pode ter grande relevância clínica. No entanto, também há escassez de estudos, o que dificulta a escolha terapêutica.

Uma pesquisa que avaliou a eficácia analgésica do Sativex® (com THC e CBD) em pacientes com câncer avançado e dor crônica não aliviada por terapia opioide não demonstrou superioridade do produto em relação ao placebo. Por outro lado, o perfil de segurança foi consistente, e não foram identificadas novas preocupações com segurança ou evidências de abuso ou uso indevido do medicamento. Houve ainda melhora na função geral associada ao uso do produto e pacientes com menos de 65 anos tiveram redução maior da dor. 

Outra pesquisa com pacientes com câncer avançado e com dor refratária a opioides mostrou que doses de 4 a 10 jatos em spray (THC + CBD) foram efetivas no controle da dor. 

Estudos apontam que a maconha medicinal parece uma boa opção para ajudar pacientes com câncer a lidar com os sintomas relacionados com a malignidade, como insônia, dor, fraqueza, náuseas e inapetência, por exemplo. Além do alívio destes sintomas, há pesquisas com pacientes oncológicos mostrando evidências de melhora também da ansiedade, depressão, fadiga e vômitos. 

Segundo o Dr. Carlos, os pacientes com câncer “são uma população única, caracterizada por múltiplos sintomas e uso de diferentes medicamentos. A Cannabis como tratamento abrangente, que alivia vários sintomas, torna-se uma potencial opção terapêutica desejável”.

Fonte : Medscape

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