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Brasil não deve alcançar meta de redução de casos e mortes por tuberculose, diz OMS



Um relatório global sobre tuberculose divulgado nesta quarta-feira (14) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o Brasil não deve alcançar as metas globais de redução de casos e mortes pela doença. O país está entre os 30 com os mais altos "fardos" pela doença no mundo (veja detalhes mais abaixo nesta reportagem).


A estratégia de redução, estabelecida em 2014 pela maioria dos países do mundo em conjunto com a OMS, incluía uma diminuição de 20% na incidência da doença (casos por 100 mil habitantes), além de uma queda de 35% nas mortes pela tuberculose entre 2015 e 2020. "Infelizmente, precisamos dizer que o Brasil ainda não está no caminho [de cumprir], e, muito provavelmente, não alcançará as metas de 2020. Isso é uma realidade", declarou Tereza Kasaeva, diretora do programa global de tuberculose da OMS, ao ser questionada sobre a situação do país pelo G1. A OMS não divulgou dados específicos sobre a variação percentual no Brasil, mas apontou que, no ano passado, houve 96 mil casos e 6,7 mil mortes causadas por tuberculose no país. Em 2018, foram 95 mil casos e 4,8 mil mortes. "Surpreendemente, podemos ver, nos últimos dois anos, aumento na incidência de tuberculose no Brasil. É muito preocupante", afirmou Kasaeva. Os dados divulgados pela entidade nesta quarta são referentes ao ano passado. Segundo o documento, entre 2015 e 2019, a redução global foi de 9% nos casos e 14% nas mortes.

No mundo, a estimativa é de que 10 milhões de pessoas contraíram tuberculose em 2019 – um número que vem caindo muito lentamente nos últimos anos, diz a OMS. A entidade estima que 1,4 milhão de pessoas morreram da doença no ano passado, sendo 1,2 milhão que não tinham o HIV e outras 208 mil entre as que tinham o vírus. (Ter o vírus é considerado fator de risco para desenvolver a doença).

A maior parte dos casos está concentrada no Sudeste Asiático (44%), na África (25%) e no Pacífico Ocidental (18%), com percentagens menores no Leste do Mediterrâneo (8,2%), nas Américas (2,9%) e na Europa (2,5%). Impacto da pandemia A pandemia da Covid-19 ameaça os avanços dos últimos anos no combate à doença, alertou a OMS, que estima que a doença pode matar, em 2020, de 200 a 400 mil pessoas a mais que as 1,4 milhão de vítimas fatais em 2019.

Um aumento de 200 mil mortes levaria o mundo de volta a números de 2015; um aumento de 400 mil, a 2012. O progresso feito no combate à doença já era considerado lento demais mesmo antes da pandemia. "A pandemia de Covid-19 ameaça enfraquecer o progresso feito nos últimos anos. O impacto da pandemia nos serviços de luta contra a tuberculose tem sido severo", resumiu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no relatório. Redução A OMS lista 30 países com os mais altos "fardos" pela tuberculose no mundo: desses, 20 têm os números mais altos de casos absolutos (entre eles, o Brasil) e os outros 10 têm as incidências mais altas (número de casos a cada 100 mil habitantes).

Entre os 30, apenas 7 (Camboja, Etiópia, Quênia, Namíbia, Rússia, África do Sul e Tanzânia) já alcançaram a meta de redução na incidência dos casos. Outros 3 estão no caminho para atingir a meta (Lesoto, Mianmar e Zimbábue).

Sete países com "alto fardo" pela doença já alcançaram a meta de reduzir as mortes: Bangladesh, Quênia, Moçambique, Mianmar, Rússia, Serra Leoa e Tanzânia; o Vietnã já está a caminho de atingir o objetivo.

Ao todo, 78 países estão no caminho para alcançar a redução na incidência de casos e 46 estão no caminho para reduzir as mortes pela doença, segundo a OMS.

Segundo o relatório, a região europeia é a mais próxima de atingir as metas, com redução na incidência e mortes de 19% e 31%, respectivamente, nos últimos cinco anos. A região africana também obteve ganhos importantes: 16% e 19%, no mesmo período. Tuberculose A tuberculose é uma das 10 principais causas de morte no mundo, segundo a OMS, e a primeira causa de morte por um único agente infeccioso (acima do vírus HIV/Aids).

A doença é infecciosa, altamente contagiosa e afeta principalmente os pulmões. O bacilo que causa a doença, o bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), é transmitido por aerossol: ambientes fechados, úmidos e a proximidade com pessoas infectadas facilitam o contágio.

O sintoma mais importante para o diagnóstico da doença é a tosse com catarro. Se a pessoa estiver com uma tosse que já dura três semanas ou mais, é preciso investigar. Outros sintomas são: febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento, cansaço e fadiga.

A principal maneira de prevenir a tuberculose em crianças é com a vacina BCG. Ela deve ser dada ao nascer ou, no máximo, até 4 anos, 11 meses e 29 dias.

O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses. Por ser longo, muitas vezes as pessoas acabam interrompendo o tratamento, o que não é recomendado, já que isso faz com que a bactéria desenvolva outras resistências. A OMS estima que o diagnóstico e o tratamento salvaram 60 milhões de pessoas de 2000 a 2019.

O tratamento é gratuito e oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS).


Fonte: G1

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