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Borderline: entenda o recente diagnóstico de Gustavo Tubarão



O mineiro Gustavo Almeida Freire, de 23 anos, ficou famoso na internet por mostrar a realidade da sua vida no campo. Hoje, o agroinfluencer acumula mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais. Ele foi o convidado desta semana no PodSempre, o podcast da Pague Menos que aborda temas como saúde, desafios, beleza, qualidade de vida e bem-estar. Lá, o jovem falou sobre sua trajetória profissional até os dias de hoje e os momentos difíceis vividos com a depressão, o passado com o uso de entorpecentes e, além disso, sobre o recente diagnóstico de transtorno de borderline.


Tubarão contou que recebeu o diagnóstico da condição em 2022 e que, por achar que o assunto é pouco tratado na internet, decidiu abrir o tema em suas redes. “Quando eu recebi o diagnóstico eu queria morrer. O borderline é um círculo que também é formado por depressão, ansiedade, pânico e déficit de atenção. Isso faz com que eu acorde cada dia de um jeito, sendo extremamente feliz ou extremamente triste. E para eu esquecer isso, penso que eu sou bem maior que meu laudo médico, pois eu já tinha aquilo, e com o acompanhamento do psiquiatra descobri o nome e ajuda para todos os sintomas que eu sentia. Hoje, eu gasto toda minha energia na academia para não ter mais crises como antes”, ressaltou.

Transtorno de borderline

O transtorno de personalidade borderline (TPB) é uma doença mental grave caracterizada por um padrão generalizado de instabilidade nas relações interpessoais, autoimagem e afeto. Além disso, a condição também é marcada por comportamentos impulsivos. Ela surge no início da idade adulta ou na adolescência, levando a grave comprometimento funcional e desconforto nas relações.


De acordo com o médico pós-graduado em psiquiatria, Dr. Vital Fernandes Araújo, uma das formas de identificar o transtorno é percebendo o padrão generalizado de instabilidade em várias áreas (relações interpessoais, auto-imagem e afetos) associado à impulsividade acentuada. O especialista reforça que o borderline surge na adolescência ou início da idade adulta e pode ser reconhecido em vários contextos, geralmente com a ocorrência de cinco (ou mais) dos seguintes critérios:


1. Medo intenso do abandono, que os sujeitos tentam freneticamente evitar, seja real ou imaginário;

2. Tendência a ter relações interpessoais instáveis e intensas, que alternam entre extremos de idealização e desvalorização da outra pessoa;

3. Distúrbio de identidade, caracterizada por uma instabilidade marcada e persistente da auto-imagem ou sentido do eu;

4. Impulsividade em pelo menos dois contextos potencialmente autodestrutivos (por exemplo, gastos, sexo, uso de substâncias, direção imprudente, compulsão alimentar);

5. Comportamento suicida recorrente (gestos ou ameaças) ou automutilação;

6. Mudanças rápidas do humor levando à instabilidade afetiva – geralmente durando algumas horas e raramente mais do que alguns dias;

7. Sentimento de vazio persistente;

8. Dificuldade em controlar a raiva, que muitas vezes é inadequada ou excessiva (por exemplo, demonstrações frequentes de temperamento, raiva constante, brigas físicas recorrentes).

9. Pensamentos paranoicos transitórios e relacionados ao estresse ou sintomas dissociativos graves.

Aspectos de gravidade do borderline

O transtorno também pode apresentar apresentações variáveis, aponta o Dr. Vital. Isto é, mais comumente, causa instabilidade crônica no início da idade adulta. O resultado são episódios de grave descontrole afetivo e impulsivo, que exigem cuidados e intervenções frequentes, com taxas altas de suicídio (de 8 a 10%).


“Crianças e adolescentes com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) apresentam taxas aumentadas de hospitalização por ideação ou tentativa de suicídio, comorbidades mais graves e pior funcionamento clínico e psicossocial, semelhante ao observado em adultos. Infelizmente, o diagnóstico e o tratamento do TPB são muitas vezes tardios, levando a um resultado menos favorável. Aliás, isso é especialmente verdadeiro em pacientes com TPB de início precoce (os mais jovens), nos quais a detecção e a intervenção terapêutica são geralmente atrasadas”, afirma o médico.


Tubarão também mencionou no podcast que, por conta da compulsão gerada pelo transtorno de borderline, já fez uso de entorpecentes. “Eu tive uma pré-overdose em 2017 e depois disso eu nunca mais usei. A última vez, eu usei 8 substâncias em um único dia e eu queria me jogar da janela porque comecei ter ataques de pânico durante alucinações. Foi o pior dia da minha vida. Depois desse dia eu nunca mais mexi com isso”, afirmou.

Diagnóstico e tratamento

Segundo o especialista, o diagnóstico do transtorno de borderline se baseia em quatro pilares:

  1. Entrevista detalhada com o médico ou profissional de saúde mental;

  2. Avaliação psicológica que pode incluir o preenchimento de questionários;

  3. Histórico médico e exames;

  4. Avaliação dos sinais e sintomas.


“O tratamento de pacientes com esse deve começar com a revelação do diagnóstico e educação sobre o curso esperado e tratamento do transtorno. Essa abordagem pode diminuir o sofrimento e estabelecer uma aliança entre o paciente e o médico. Além disso, o tratamento deve informar aos pacientes que existem terapias eficazes, que envolvem aprender a cuidar de si mesmo, e que os medicamentos têm apenas um papel coadjuvante”, esclarece.


O tratamento do borderline utiliza principalmente psicoterapia, mas medicações podem auxiliar. O médico também pode recomendar a hospitalização se a segurança do paciente estiver em risco. A reabilitação tem o objetivo de ajudar o paciente a aprender habilidades para gerenciar e lidar com sua condição. Também é necessário tratar qualquer outro transtorno de saúde mental que geralmente ocorre junto com o transtorno de personalidade bipolar, como depressão ou uso indevido de substâncias, por exemplo. “Com o tratamento, a pessoa pode se sentir melhor consigo mesma e viver uma vida mais estável e gratificante”, destaca o Dr. Vital.


Fonte: Saúde em Dia

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