A um mês de completar 94 anos de vida, Rosaly Jacobina Ramalho de Morais se orgulha ao falar das medalhas que conquistou nos últimos 30 anos em competições de natação – e as mantêm em três quadros na sala de casa para servir de inspiração ao resto da família.
A paixão pelo esporte nasceu há três décadas, quando ela tinha 63 anos. Não foi por vaidade ou por gostar de nadar, mas sim por orientação médica, para aliviar os desconfortos de um bico de papagaio lombar que a faziam chorar de dor.
“Estava com 63 anos, andava torta, reclamando, me achando uma velha. O ortopedista me mandou fazer exercícios e eu não conseguia. Só de me lembrar, dá vontade de chorar”, recorda. Na consulta, o médico de Rosaly fez manobras que aliviaram as dores dela e indicou aulas de natação.
“Ele disse que eu sairia do consultório um pouco melhor, mas, se a coluna travasse, só Deus no Céu. Não sabia nadar, mas ele disse que eu aprenderia porque a idade não representa nada”, conta.
Bico de papagaio
O bico de papagaio ganhou esse nome devido à imagem que aparece na radiografia de coluna. A condição é caracterizada por calcificações na região chamadas de osteofitose ou osteófitos, e ocorre como parte do envelhecimento natural do corpo.
“Nem sempre a causa da dor é o bico de papagaio, mas se essas calcificações aumentarem muito, ao ponto de pressionarem os nervos, podem causar formigamentos, muita dor e outros sintomas”, explica o ortopedista e traumatologista Fernando Borges Filho, do Hospital Brasília.
Alívio das dores
De acordo com o médico, por ser um processo natural do corpo não existe cura, mas a realização de atividades físicas é a melhor alternativa para o alívio dos sintomas e a recuperação da qualidade de vida. “O melhor tratamento é a atividade física e aí entra a natação. Por ser um exercício físico que trabalha a musculatura do corpo todo de forma global e com pouco impacto, a maioria das pessoas pode fazer sem restrições”, afirma o ortopedista Fernando Borges.
Para dona Rosaly, os resultados da natação começaram a aparecer depois de quatro meses na piscina, quando ela notou que as costas não ardiam mais foi um incentivo para que continuasse. Anos depois, foi convidada pelo professor a participar da primeira competição em uma piscina olímpica e, desde então, não parou mais.
“Já estava boa de saúde, mas queria continuar nadando. O professor me inscreveu em uma competição de 100 metros crawl e fiquei em segundo lugar. Peguei ainda mais gosto”, lembra. Trinta anos depois, as medalhas obtidas nas competições são exibidas com orgulho. “Mostro para todo mundo mesmo”, diz dona Rosaly.
Atualmente, ela faz natação três vezes por semana e completa o treino com musculação nos mesmos dias na academia do prédio onde mora. O trabalho de fortalecimento do corpo é orientado por um personal trainer. “Olha as minhas pernas de 93 anos”, brinca, apontando para si mesma. Os cuidados com a saúde incluem ainda sessões de acupuntura.
Massa muscular
Já é consenso na ciência que a massa muscular é fundamental para a saúde e que os resultados aparecem, independentemente, da idade.
O educador físico Nelson Gomes, da academia D’Stak, afirma que não existe idade limite para começar a se exercitar. “Existe vontade. A natação se aprende, qualquer um pode aprende, basta encontrar o seu ritmo”, defende Gomes.
Os exercícios contribuem para que as pessoas envelheçam com mais disposição, mobilidade e autonomia para executar atividades simples do dia a dia, como se abaixar e levantar sem dores. Também são importantes para evitar quedas. A socialização com outras pessoas oferece ainda benefícios para a saúde mental.
“A atividade física mantém o fortalecimento muscular e dá mais confiança para o idoso. Em uma determinada idade, o esporte envolve até mais a parte mental, por manter as pessoas se sentindo bem, sem dor e com bom humor”, conta o educador físico.
Fonte: Metrópoles
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