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Atividades físicas de maior intensidade podem reduzir a mortalidade por doenças crônicas


 
 

Um estudo coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que pessoas que realizam mais exercícios físicos intensos têm uma diminuição no risco de mortalidade por doenças crônicas como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.


Entre outros dados, o levantamento concluiu que pessoas que realizaram de 50% a 75% do total de atividade física de forma vigorosa tiveram uma redução de 17% na mortalidade em comparação aos que realizaram apenas atividade moderada (veja detalhamento mais abaixo).

A pesquisa, realizada com dados coletados entre os anos de 1997 e 2013 de mais de 400 mil adultos norte-americanos, encontrou relação entre a intensidade da realização de uma atividade física e os índices de mortalidade.

O trabalho foi publicado na revista científica JAMA Internal Medicine.

Os pesquisadores consideraram a data da morte até dia 31 de dezembro de 2015. Foram excluídos dados de pessoas com alguma deficiência que tinham dificuldades em realizar atividades físicas ou incapazes de realizar atividades físicas moderadas ou vigorosas, e aqueles com um diagnóstico de doença cardíaca, derrame ou câncer no início.

A análise estatística foi realizada em parceria com Universidade de Wuhan (China), Universidade de Santiago do Chile (Chile) e a Universidade Europeia Miguel de Cervantes (Espanha). "Nós utilizamos dados abertos de uma pesquisa realizada anualmente em território norte-americano, conectando os dados com os índices de mortalidade do país. Com isso, é possível informar a associação. Nesse estudo a pesquisa foi feita por meio de questionário, que incluía uma pergunta sobre a frequência em que a pessoa realizava atividades físicas entre moderada e vigorosa", afirma o coordenador da pesquisa e professor da Unifesp, Leandro Rezende. Rezende explica que a intensidade é medida pela quantidade de gasto energético quando a atividade é realizada, o que varia de acordo com o perfil de cada pessoa.

"Uma atividade metabólica tem um equivalente metabólico, ou seja, produz um gasto energético. As atividades de intensidade leve gastam de 1 a 3 unidades, equivalente a até 3 vezes o gasto energético de repouso. A vigorosa gasta até 6 vezes ou mais", afirma Rezende. Embora a maioria dos benefícios para a saúde associados ao cumprimento das metas de exercícios físicos semanais recomendados possam ser alcançados por meio de atividade física moderada, os resultados sugerem que uma proporção maior de atividade física vigorosa está associada a benefícios adicionais para a saúde. Como é definido o nível de intensidade? Segundo Paulo Azevedo, professor de educação física da Unifesp, o nível de intensidade dos exercícios pode ser classificado por uma percepção de esforço em uma escala de 0 a 10:

  • O exercício leve traz algum benefício de capacidade cardiorrespiratória, transporte de oxigênio para o metabolismo da pessoa. Esse exercício leve tem uma percepção de esforço de 4 ou 5 em uma escala de zero a 10. Uma pessoa sedentária consegue se exercitar bem nesse perfil por cerca de 40 minutos até 1 hora.

  • No moderado, a pessoa consegue se exercitar em torno de 30 minutos de forma contínua com uma percepção de esforço de 7 ou 8. A pessoa passa a se sentir mais ofegante, como a atividade é intensa, o exercício tem menos duração. Os benefícios citados na categoria leve são mais fáceis de serem adquiridos.

  • No vigoroso, a pessoa precisa se exercitar de forma intercalada, com estímulo e tempo de pausa, entre o exercício e a recuperação. A escala de percepção de esforço chega ao limite entre 9 e 10. Apesar de fazer intercalado, é possível aumentar a duração total do exercício. As respostas cardiovasculares e musculares são adquiridas de forma mais rápida.

"No vigoroso, quando você para de treinar por um certo período, ocorre um 'destreinamento' mais rápido. Nos exercícios mais leves existe uma demora nos resultados, porém, as adaptações são mais duradouras", alerta Azevedo. Perfil dos participantes No geral, os participantes eram em grande maioria mulheres com menos de 45 anos que consumiam bebidas alcoólicas e não fumantes. Do total de participantes, 45% realizavam atividades físicas.

Entre os que realizavam atividades, 65,7% relataram fazer um treino de moderado a vigoroso. Os pesquisadores analisaram também se os participantes realizavam alguma ou nenhuma atividade com intensidade vigorosa:

  • 32,5% nenhuma

  • 5,1% relataram realizar 25% ou mais de atividades vigorosas

  • 10,0% relataram mais de 25% a 50% de atividades vigorosas

  • 21,3% relataram mais de 50% a 75% de atividades vigorosas

  • 15,8% relataram mais de 75% a menos de 100% de atividades vigorosas

  • 15,2% relataram mais de 100% realizavam somente exercícios de atividade vigorosa

Homens mais jovens, não hispânicos, brancos, com maior escolaridade, com Índice de Massa Corporal normal, em torno de 25, com renda alta, e sem histórico de tabagismo eram mais propensos a relatar que realizavam mais de 25% de atividades vigorosas. Resultados Entre os 403.681 indivíduos, 36.861 morreram até o final de 2015, incluindo 7.634 por doenças cardiovasculares e 8.902 de câncer.

Os participantes que não realizavam nenhuma atividade vigorosa tiveram uma mortalidade de 96 a cada grupo de 10 mil pessoas. Os que realizavam mais de 50% a 75% de atividade vigorosa alcançaram o índice de mortalidade de 64,7 a cada 10 mil.

Entre quem realizou mais de 75% a 99% de atividade vigorosa, a mortalidade ficou em 64,1 por 10 mil. O estudo observou que adultos que realizaram de 50% a 75% do total de atividade física semanal em intensidade vigorosa tiveram uma redução de 17% na mortalidade por todas as causas, quando comparados aos adultos que realizaram apenas atividades físicas de intensidade moderada. Entre os participantes que realizam qualquer atividade física - moderada a vigorosa - houve uma menor mortalidade por todas as causas, com exceção a doenças cardiovasculares e câncer. Pessoas que realizaram em torno de 150 a 299 minutos por semana de exercícios moderados e 150 minutos por semana ou mais de exercícios vigorosos tiveram um menor risco de mortalidade por todas as causas.

Questionado se é possível fazer o mesmo levantamento ou comparar os resultados com a população brasileira, Rezende explica que não existem no país dados referentes a atividade física. "O efeito das atividades físicas no corpo humano são os mesmos, porém precisamos ter cautela com qualquer comparação".

"Temos pesquisas nacionais realizadas anualmente que a princípio poderiam ser relacionadas com o nosso sistema de mortalidade. Mas logisticamente, por enquanto, isso ainda não é possível". Recomendação da OMS Na quarta (25) a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou novas diretrizes globais sobre atividade física e comportamento sedentário.

A OMS recomenda que os adultos aumentem o tempo de atividade física semanal para 300 minutos – até uma hora de exercícios por cinco dias ou 40 minutos por sete dias – ou façam 150 minutos de atividade física intensa por semana, quando não tiver contraindicação.

A última diretriz da organização, de 2010, se concentrava em alcançar "pelo menos" 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de exercício de alta intensidade por semana.

"A princípio qualquer pessoa poderia realizar exercícios vigorosos, desde que a intensidade seja previamente determinada e que exista uma prescrição adequada da intensidade, duração do esforço e recuperação", afirma Paulo Azevedo.

O professor reforça que existem recomendações que esse tipo de exercício seja realizado por diabéticos, cardiopatas e assim por diante. "Porém, temos que reforçar que a atividade precisa estar adaptada de acordo com o perfil de cada pessoa. Cada pessoa suporta uma intensidade diferente".


Fonte: G1

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