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A importância de zelar pela saúde mental quando se tem uma doença crônica

Doenças crônicas são sinônimo de uma condição que nos acompanha por toda a vida, às vezes com limitações severas. Quem lida com enfermidades como doença cardiovascular, diabetes ou problemas respiratórios sabe que é preciso disciplina e força de vontade para seguir as recomendações médicas. Em muitos casos, quem enfrenta o desafio precisaria de um atendimento complementar, para lidar com os momentos de ansiedade e desânimo que podem comprometer o engajamento no tratamento, mas nem sempre é o que acontece – e não somente no Brasil.

Na Austrália, 11 milhões de pessoas, o equivalente à metade da população, têm pelo menos uma doença crônica. Claire Adams, psicóloga e doutoranda da Edith Cowan University, realizou um estudo, que durou um ano e meio, com 107 pacientes com esse perfil e descobriu que, embora utilizassem com frequência o sistema de saúde, muitos não procuravam apoio psicológico. “É preocupante porque esses indivíduos têm mais chances de apresentar um quadro de ansiedade e depressão que outros adultos sem uma condição crônica”, afirmou.

Claire Adams, psicóloga e doutoranda da Edith Cowan University — Foto: Divulgação: Julia Turner

Fazendo uma projeção a partir do estudo, mais de 40% dos idosos australianos com doença crônica não recorreriam a ajuda para problemas emocionais ou psíquicos mesmo que precisassem dela. Os mais relutantes em procurar auxílio tinham algumas características em comum: eram céticos em relação aos benefícios de qualquer suporte para garantir sua saúde mental; ressentiam-se da falta de apoio de amigos e familiares para buscar esse amparo; e achavam que não conseguiriam ter acesso a esse tipo de serviço.

Na avaliação da pesquisadora, há ainda uma dificuldade extra para se detectar a necessidade de acompanhamento psíquico, dada a sobreposição de sintomas físicos e mentais quando se tem uma doença crônica, além dos efeitos colaterais dos medicamentos. “Pacientes com dificuldade respiratória podem achar que sua condição está pior quando, na verdade, podem estar enfrentando um quadro de ansiedade que interfere na respiração”, explicou a psicóloga.

Aqueles que já tinham buscado assistência eram os mais propensos a usar novamente esse suporte, o que, segundo a psicóloga, mostra que o assunto precisa ganhar espaço nos consultórios dos especialistas, para derrubar preconceitos e desconfianças. “É preciso encorajar as pessoas a participar de grupos de apoio, compartilhar seus problemas e, assim, se sentir confiantes para seguir em frente com o tratamento e ter uma vida normal. Não há saúde sem saúde mental”, resumiu.

Fonte: Abril Saúde

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