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93% dos novos casos de Hanseníase diagnosticados nas Américas são do Brasil, aponta Saúde


 
 

Pelo menos 20.700 brasileiros tiveram sequelas físicas incapacitantes, como perda dos dedos, ponta do nariz e demais extremidades do corpo, assim como deformidade nos pés e mãos causadas pela falta de tratamento ou diagnóstico tardio da Hanseníase entre 2010 e 2019.


O dado é do Boletim Epidemiológico sobre a Hanseníase divulgado pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (12), que também mostrou que o Brasil teve 27.864 novos casos de Hanseníase apenas em 2019, equivalente a 93% de todos os casos da região das Américas e 13,7% dos casos globais registrados no ano.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, o dermatologista Claudio Salgado, além de números altos de novos casos, chama atenção a quantidade dos casos que são detectados já na fase mais incapacitante da doença.

"A hanseníase é classificada em quatro graus: grau zero, quando não há nenhuma sequela; grau 1, quando paciente já perdeu sensibilidade nas palmas das mãos e solas dos pés; e grau 2, quando há sequelas físicas graves e visíveis", explica Salgado. "Quando um país tem alta taxa de hanseníase no grau 2, é porque o diagnóstico está sendo muito tardio. Quer dizer que o paciente, quando foi diagnosticado, já estava com a doença há mais de 5, 6 anos", diz o dermatologista. Segundo o Boletim Epidemiológico de Hanseníase do Ministério da Saúde, a doença no Brasil em 2019:

  • Teve 9,9% dos casos diagnosticados já no estágio avançado, no grau 2 de incapacidade física, quando há deformidades e sequelas físicas visíveis;

  • 1.550 crianças e adolescentes menores de 15 anos foram diagnosticados com a doença, representando 5,5% dos casos;

  • A taxa de detecção geral dos novos casos foi de 13,23 por 100 mil habitantes, mais de 13 vezes maior que o recomendado pela OMS para 2020;

  • A taxa de prevalência da Hanseníase foi de 1,50 para cada 10 mil habitantes, considerada de "alta endemicidade";

  • Os estados com a maior taxa de novos casos foi Mato Grosso (129,38 casos por 100 mil hab) e Tocantins (96,44 casos por 100 mil hab), respectivamente.

O boletim também reuniu dados da série história entre 2010 e 2019. Assim, na última década, sem considerar os dados preliminares de 2020:

  • Brasil registrou 301.638 novos casos de Hanseníase;

  • Desses, 20.684 ocorreram em menores de 15 anos;

  • 20.700 casos já estavam no grau mais avançado de incapacidade física, o grau 2;

  • Brasil se manteve na classificação de "alta endemicidade" da doença.

Em nota, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) destacou os casos de hanseníase detectados nos menores de 15 anos na última década. "Os indicadores de casos infantis, ainda que pareçam raros, sempre apontam para a existência de pessoas ao seu redor sem tratamento, e que por isso continuam transmitindo a doença", afirma o Morhan.

A Hanseníase no mundo em 2019:

  • Mundo registrou 202.185 novos diagnósticos em 2019, segundo a Organização Mundial da Saúde;

  • Desses, 29.936 foram registrados nas Américas em 2019, sendo que 93% deles ocorreram no Brasil;

  • O Brasil é o primeiro no mundo em registros de novos casos por habitante e o segundo em novos casos por ano, segundo a OMS.

Menos cura e país sem tratamento Outro dado que chama atenção é sobre a taxa de cura: entre 2012 e 2019, a redução na proporção de cura dos novos casos da Hanseníase saiu de 85,9%, para 79,4%. A maior redução de cura no período se deu na região Norte, cuja proporção caiu mais de 10 pontos percentuais. Já entre as unidades federativas, o Distrito Federal apresentou a pior redução, saindo de 90,2% em 2012 para 61,3% em 2019.

O boletim ainda destaca a crise no abastecimento dos remédios para o tratamento da hanseníase que ocorrendo desde 2020. Conforme o G1 apurou, municípios de pelo menos 18 estados estão sem os antibióticos usados para tratar a doença, chamados de poliquimioterapia, ou PQT.

Apesar de ser o país com o maior número de casos de hanseníase por habitantes no mundo, o Brasil não produz os medicamentos e depende de doação da OMS, que importa o remédio da Índia.

"Os dados deste último Boletim não são novidade. Temos problema em diagnosticar novos casos, agora também enfrentamos problemas para tratar a doença por falta de remédio. Apesar disso, a meta do Brasil para reduzir a doença no grau 2 [país pretende diminuir em 8,8 a cada i milhão hab. até 2022] é 8 vezes maior do que a OMS recomendou em 2020", aponta Salgado. "Retiramos os pacientes dos leprosários, mas ainda os deixamos à sombra da sociedade", diz o presidente da SBH.


Fonte: G1

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