Bruce Springsteen ainda está dando duro aos 75 anos. Nos anos de 2023 e 2024 juntos, ele fez mais de 100 shows. Seus sets rotineiramente duram três horas. E ele tem shows marcados até julho de 2025.
Como ele se alimenta de uma rotina tão cansativa?
— Como um pouco de fruta pela manhã e depois eu janto — disse ele ao The Times de Londres, no mês passado. — Isso me manteve eficiente e bem sucedido.
Embora o 'Chefe' não tenha dito isso, comer uma refeição por dia (às vezes chamado de dieta OMAD) é uma forma um tanto extrema de jejum intermitente. O jejum intermitente típico envolve limitar estritamente quando você come em períodos específicos de tempo – digamos, apenas entre 12h e 12h e 20h, ou apenas em dias alternados. Mas a dieta OMAD comprime essa janela diária de alimentação em uma hora, para que você obtenha todas as calorias do dia de uma só vez.
Há pesquisas limitadas sobre os benefícios do jejum intermitente para a saúde e menos ainda sobre os da dieta OMAD. Aqui está o que sabemos – e não sabemos.
Você deve seguir a dieta OMAD?
— Uma refeição por dia não é uma boa ideia — diz a médica Caroline Apovian, especialista em obesidade do Brigham and Women’s Hospital.
Apovian é uma defensora do jejum intermitente em geral e o recomenda a muitos de seus pacientes com obesidade. Comparado com planos alimentares ou dietas que exigem contagem de calorias ou corte de muitos alimentos, o jejum intermitente é uma maneira relativamente simples de controlar o que você come.
Mas para a maioria das pessoas, a dieta OMAD seria um desastre, disse ela.
— Se eu disser aos meus pacientes para fazerem uma refeição por dia, eles passarão fome o dia todo — acrescenta, complementando que é provável que eles comam demais no jantar porque dependerão de tudo o que estiver em casa.
Também pode ser um desafio consumir todas as calorias diárias de uma só vez, especialmente se você estiver ativo. Mark P. Mattson, professor adjunto de neurociência da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse que as pessoas que dizem seguir a dieta OMAD provavelmente não a seguem exatamente: provavelmente comem mais de uma vez por dia e talvez façam isso dentro de uma janela de quatro horas em vez de uma.
O conselho de Apovian é tentar comer apenas durante as horas entre o nascer e o pôr do sol (o que tecnicamente é uma forma de jejum intermitente, disse ela). Ela sugere tomar um café da manhã rico em proteínas e fazer refeições com bastante proteína, frutas, vegetais e grãos integrais. Então, parar de comer às 18h ou 19h – o que pode ser depois do pôr do sol, dependendo de onde você mora.
Mattson segue uma rotina de jejum intermitente, comendo exclusivamente entre 12h e 18h diariamente. Na sua opinião, a dieta americana típica – três refeições por dia, mais lanches, começando logo após acordar até pouco antes de dormir – é discordante de como os humanos e outros animais evoluíram para comer quando a comida não estava prontamente disponível.
— Nossos genes e sistemas celulares estão adaptados para funcionar muito bem num estado de privação de alimentos — acrescenta.
O que as pesquisas sugerem?
Estudos sobre jejum intermitente tendem a ter muitas limitações. Eles normalmente são realizados em pequenos grupos de pessoas durante curtos períodos de tempo e seus resultados costumam ser mistos.
— A ciência está em por todo lugar — afirma Alice H. Lichtenstein, cientista sênior e professora do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana Jean Mayer USDA sobre Envelhecimento da Universidade Tufts.
Algumas pesquisas limitadas sugerem que o jejum intermitente pode ajudar as pessoas a perder peso. Num estudo sobre a dieta OMAD, os investigadores descobriram que quando 11 adultos fisicamente ativos e com peso saudável fizeram apenas uma refeição por dia, à noite, durante 11 dias, perderam um pouco mais de peso e queimaram um pouco mais de gordura do que quando consumiram o mesmo número de calorias em três refeições por dia.
Outra pesquisa mostra que quando os participantes restringem a alimentação a determinadas horas do dia, acabam ingerindo menos calorias no geral. Essa redução nas calorias – e não o horário da refeição em si – pode ser responsável pela perda de peso.
A própria pesquisa de Mattson sobre o jejum intermitente sugere que alternar entre comer e jejuar pode ativar processos celulares que poderiam melhorar a regulação do açúcar no sangue, reduzir a inflamação e tornar as células mais capazes de lidar com várias formas de estresse.
Ainda assim, segundo Lichtenstein, a ciência não é clara e sabemos que não existe uma abordagem única para a forma como as pessoas comem.
— Todo mundo tem uma programação diferente — diz.
Se alguém tiver sucesso comendo apenas entre 7h e 17h, isso é ótimo. Mas para muitas pessoas, “isso não funcionaria muito bem”, conclui Lichtenstein.
Fonte: O Globo
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