Isabel Veloso, influencer conhecida por compartilhar no TikTok sua rotina de sobrevivência a um Linfoma de Hodgkin, anunciou que está grávida do marido, Lucas Borba. A novidade gerou incredulidade e polêmica entre os internautas - afinal, é possível engravidar após tratamentos contra o câncer?
A resposta é que sim, é possível, mas depende do caso.
— O tratamento quimioterápico pode ser tóxico para as gônadas, e isso vale tanto para os ovários, como para os testículos — explica o médico e vice-presidente da comissão de reprodução assistida da Febrasgo, Rui Alberto Ferriani.
Isso porque as terapias realizadas para curar a doença são agressivas, e acabam impactando não só as células doentes em reprodução, mas também as dos ovários.
— Por isso, o que se recomenda antes de um tratamento quimioterápico ou radioterápico, se for possível, é tentar fazer a preservação da fertilidade com o congelamento de óvulos, no caso das mulheres, ou do sêmen, no caso dos homens — completou Ferriani.
Isabel alega que, apesar da expectativa de apenas seis meses de vida, o seu quadro está estável. Mas, mesmo assim, a oncologista Adriana Scheliga, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, explica que a gestação é de alto risco não só para o feto, mas também para a mãe.
— O corpo da mãe já está enfraquecido pela doença, o que pode dificultar o suporte necessário ao desenvolvimento saudável do bebê — explicou.
Segundo Scheliga, esse quadro é ainda mais complexo no caso de Isabel por causa do tipo de câncer da influencer, que é super agressivo.
Além disso, os tratamentos feitos para combater a doença podem, nos primeiros meses da gestação, levar a problemas congênitos sérios ou até mesmo à perda do bebê.
Os hormônios produzidos durante a gravidez também podem agravar o câncer em alguns casos, piorando ainda mais o cenário.
Por isso, a médica indica que o pré-natal deve ser feito de forma especial, com múltiplos médicos envolvidos, desde um hematologista até um obstetra.
— Durante uma gravidez de alto risco em meio ao câncer, o monitoramento contínuo e intensivo é essencial. A saúde da mãe precisa ser acompanhada de perto para identificar qualquer sinal de progressão do câncer ou complicações relacionadas ao tratamento — diz Scheliga.
O parto também é mais complicado: dependendo do quadro de saúde da gestante, o corpo pode estar muito debilitado para conceber em parto normal. A cesárea acaba sendo a principal opção nesses casos.
Tive câncer, mas quero engravidar. E agora?
É possível engravidar após o câncer, mas é preciso esperar algum tempo após a remissão completa da doença e ter permissão e acompanhamento médico. O período a aguardar varia de caso a caso.
— Este período de espera, que pode variar de meses a anos dependendo do tipo de câncer e do tratamento realizado, é fundamental para garantir que o corpo tenha tempo suficiente para se recuperar — explica Scheliga. — Esse intervalo também permite o monitoramento da saúde da paciente para assegurar que não haja sinais de recaída [do câncer].
Mas e a gravidez de Isabel Veloso, é segura?
A gravidez de Isabel, pelo quadro avançado de câncer em que ela se encontra, não é considerada segura. No entanto, a médica Adriana Scheliga lembra que "a decisão de engravidar após um quadro de câncer é altamente pessoal", mas indica que seja "baseada em uma avaliação cuidadosa", levando tanto a segurança tanto da mãe, quanto do feto, como prioridade.
Isabel também já não faz mais tratamentos contra o câncer: desde que foi diagnosticada com um quadro terminal, ela faz apenas terapias paliativas.
— Com o suporte certo, muitas mulheres que venceram o câncer podem, sim, realizar o sonho de ter filhos de forma segura e saudável — finaliza.
Fonte: O Globo
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